O acusado, Hubert Z., compareceu no Tribunal de Neubrandenburg, no leste do país, numa cadeira de rodas. Esta foi a quarta tentativa de iniciar o processo, que em três ocasiões anteriores foi suspenso por razões de saúde do acusado.

A imprensa alemã escreve que sofreu perdas de memória e que, segundo a defesa, o arguido sofre de um processo de demência.

A audiência começou com a leitura da folha de acusações da Procuradoria, que relaciona Hubert com a máquina da morte nazi: serviu como enfermeiro durante em crematórios desse campo de extermínio construído pelo Terceiro Reich na Polónia ocupada.

O julgamento segue o modelo de outros processos abertos na Alemanha nos últimos anos por cumplicidade em crimes de nazis, após a condenação, a cinco anos de prisão, do ucraniano John Demjanjuk, um ex-guarda do campo de Sobibor, em 2011.

Com essa sentença, foi aberta uma nova via de processo na Alemanha extensível a pessoas que, sem ter tido uma participação ou uma responsabilidade direta, podem ser consideradas responsáveis por crimes de ódio.

Penas pouco pesadas

Em alguns casos, as audiências foram suspensas por problemas de saúde dos envolvidos, e em outros terminaram em penas simbólicas contra as quais os condenados recorreram ou não chegaram a cumprir, como ocorreu com o próprio Demjanjuk, que morreu numa casa de saúde poucos meses depois de conhecer a sua sentença.

Ainda não se sabe se o julgamento de hoje continuará na próxima semana, já que deve ainda ser resolvido um processo por suposta parcialidade apresentado contra o Tribunal.

Tanto a Procuradoria como a acusação criticaram a presidência da Tribunal, que em três ocasiões suspendeu a abertura do julgamento atendendo ao argumento da defesa de que o seu cliente não está em condições de ser julgado.

Estima-se que no período em que o ex-enfermeiro trabalhou em Auschwitz - 15 de agosto a 14 de setembro de 1944 -, chegaram ao campo de extermínio 14 comboios com deportados, dos quais pelo menos 3.681 foram assassinados em câmaras de gás.

O advogado de defesa, Peter-Michael Diestel, nega a culpabilidade do cliente e argumenta que este em Auschwitz se dedicou a atender outros membros das SS e soldados.

Auschwitz foi o maior e mais mortífero campo de extermínio da Alemanha nazi, onde foram assassinados 1,1 milhões de pessoas.