Não serviu de muito a anunciada limpeza das listas de utentes e o envio de milhares de cartas para as pessoas que não iam há mais de três anos aos centros de saúde.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, prometeu resolver o problema da falta de médicos até ao final da legislatura, mas ao que tudo indica dificilmente conseguirá inverter os números.

Apesar da limpeza das listas de utentes, a contratação de médicos reformados, o alargamento das listas de utentes para cada médico das unidades de saúde familiar e o aumento de vagas de acesso à especialidade, a realidade mantém-se. Há 12,6% de cidadãos, do total dos 10,2 milhões de inscritos nos centros de saúde, sem médico de família em Portugal.

Pior no Sul do que no Norte

O problema é mais grave no Algarve e em Lisboa e Vale do Tejo. Cerca de um terço (32,4%) do total dos residentes no Algarve e mais de um quinto (22%) dos habitantes de Lisboa e Vale do Tejo não têm médico de família, lê-se no relatório da Administração Central do Sistema de Saúde.

O Norte é a região mais bem servida, onde 4,4% dos utentes não têm clínico assistente nos centros de saúde, enquanto o Centro e o Alentejo estão numa posição relativamente confortável, com 7,4% e 7,3% da população com médico de família, escreve o jornal Público.

Em 2012, a ARS decidiu enviar 750 mil cartas às pessoas que não iam aos centros de saúde há mais de três anos, pedindo-lhes para esclarecerem se pretendiam manter o médico de família. Segundo a ARS, esta medida terá permitido dar médico de família a mais de 305 mil pessoas.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de utentes sem médico de família baixou de 1,8 milhões, em 2011, para 1,66 milhões, em 2012, e 1,33 milhões, em 2013.