Na investigação, publicada na revista Emerging Microbes & Infections, os cientistas comprovaram a presença de partículas do vírus na saliva de mosquitos Culex, o que indica sua capacidade de transmissão por picada.

A descoberta demonstra de "diversas formas diferentes" a possibilidade de que o Culex seja um dos vetores do vírus Zika, destaca Constancia Ayres, coordenadora do estudo, em comunicado da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esta espécie de mosquito é uma das mais presentes no Brasil, e em algumas partes da Europa, e também transmite encefalite, filariose e o vírus do Nilo ocidental.

Para realizar o estudo, os cientistas usaram amostras de Culex procedentes da área metropolitana deo Recife, um dos epicentros da epidemia de Zika que afetou o Brasil no ano passado, e onde a presença deste mosquito é vinte vezes superior à do Aedes aegypti.

O próximo passo é agora determinar a importância desta espécie na transmissão da doença, explica a Fiocruz.

O vírus do Zika, descoberto em 1947 numa selva do Uganda, começou a propagar-se em grande escala no início de 2015 no nordeste brasileiro e rapidamente deu origem a uma epidemia que atingiu toda a América Latina, tendo sido associada ao aumento dos casos de bebés com microcefalia.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a epidemia de Zika uma emergência mundial, em fevereiro de 2016, perante a propagação da doença transmitida pelo Aedes aegypti, também vetor da dengue e da chikungunya.