Os substitutos do açúcar podem, afinal, fazer engordar. O alerta é dado por especialistas do National Institute on Aging, um organismo que integra o Departamento de Saúde e de Serviços Humanos dos Estados Unidos da América (EUA). Depois de monitorizar as dietas de 1.454 voluntários dos dois sexos, que foram acompanhados e medidos regularmente entre 1984 e 2012, os investigadores norte-americanos concluíram que os que usavam adoçantes não só pesavam mais como também eram mais volumosos.

A explicação pode residir no facto dos substitutos do açúcar poderem interferir com o metabolismo, potenciando o desenvolvimento de gordura abdominal. A maioria das pessoas que usavam adoçante há mais de 10 anos tinham, em média, mais 2,6 centímetros de perímetro abdominal. «Este consumo é uma fonte de preocupação e tem implicações para a saúde pública», defendeu já publicamente Chee Chia, co-autora do estudo.

«O uso de adoçantes baixos em calorias é associado, de forma independente, a um peso relativo maior, a uma cintura mais larga e a uma maior prevalência e incidência de obesidade abdominal», refere o estudo. «Pode não ser um meio efetivo de controle de peso», pode ainda ler-se. «Temos de fazer mais trabalhos [de pesquisa] para perceber o que está realmente a acontecer», diz Chee Chia, coordenadora de uma das maiores investigações sobre o uso de adoçantes até hoje levada a cabo.

Conclusões estão a ser contestadas

Embora os autores da investigação garantam que os dados obtidos até agora «são consistentes», a International Sweeteners Association, organismo internacional que reúne os fabricantes destes produtos, já veio a público criticar o estudo, considerando-o meramente observatório e afirmando que não consegue provar uma relação causa/efeito entre a utilização de adoçantes e o aumento de peso.

Nos últimos anos, em resposta aos críticos, muitos produtores de alimentos e bebidas lançaram versões mais light dos seus produtos, muitos deles adoçados com recurso a substitutos industriais. Na passada semana, um relatório conjunto do Imperial College London em Inglaterra e de duas universidades brasileiras vieram defender que essas versões light e diet engordam tanto quanto as originais, que levam açúcar na sua composição.

«Existe a perceção comum, que acaba por ser influenciada pelo marketing desta indústria, de que as bebidas diet não contêm açúcar e são, por isso, mais saudáveis, facilitando a perda de peso quando usadas como substituto das versões ditas normais. No entanto, ainda não encontrámos provas sólidas que o confirmem», assegura Christopher Millett, investigador sénior da School of Public Health do Imperial College London.

Texto: Luis Batista Gonçalves