30 de dezembro de 2013 - 11h31

A presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Marta Temido, considerou hoje que os hospitais públicos “vão ter dificuldades” em cumprir a redução dos seus défices para metade em 2014, uma imposição do Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa a propósito da notícia de hoje do Jornal de Negócios que escreve que os hospitais públicos vão ter de reduzir o défice pelo menos para metade durante o próximo ano, Marta Temido disse que esta “é uma meta difícil de cumprir”, pelo menos sem uma reestruturação.

A presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) lembrou que este objetivo “não é novo, nem desconhecido”, na medida em que as regras de contratualização do ano anterior já apontavam nesse sentido.

“Não é uma meta fácil de atingir para os hospitais, porque este resultado tem de ser atingido num contexto em que os hospitais do setor empresarial, mas também os outros, vão ser obrigados a fazer cortes nas receitas (…). Está prevista uma redução nas verbas de 3,5%. Não está em causa a bondade do objetivo final, mas o contexto em que os hospitais terão de tentar cumprir este objetivo”, disse.

De acordo com o Jornal de Negócios, a redução do défice é uma imposição do Ministério da Saúde no âmbito das novas regras de contratualização.

O objetivo, escreve o Jornal de Negócios (que cita a metodologia para definição de preços e fixação de objetivos publicados pela Administração central do Sistema de Saúde (ACSS)), é “reduzir os prejuízos para metade em 2014, sendo que o objetivo é atingirem EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e provisões) positivo em 2015, acabando com a acumulação de novas dívidas”.

Apenas oito instituições sem prejuízos

Em 2013, das 39 instituições de norte a sul do país, só oito não apresentam prejuízos em 2013.

Na
opinião de Marta Temido, as metas são “irrealistas, difíceis de
atingir”, podendo até “levar a uma responsabilização dos conselhos de
administração”.

A responsável realçou que todos os objetivos
propostos pelo Ministério da Saúde são feitos num contexto de
reestruturação, que ainda não é conhecida em detalhe.

“Só num
contexto de reorganização é que será possível de facto conseguir atingir
os objetivos. Num contexto em que tudo se mantenha na mesma é
absolutamente impossível”, salientou.

Quanto à intenção do
Governo em avançar com a mobilidade de médicos entre os hospitais do
Serviço Nacional de Saúde até uma distância de 60 quilómetros de modo a
garantir uma “rentabilização dos recursos humanos” (também noticiado
pelo Jornal de Negócios), Marta Temido disse que está “completamente” de
acordo.

“Não podia estar mais de acordo. (…) É uma medida que
responde às necessidades dos cidadãos. Nós não podemos saber que temos
um número de médicos por cada mil habitantes acima da média dos países
da OCDE e, depois, estes números escondem assimetrias geográficas”,
disse.

Marta Temido considera que as regras da mobilidade valem
para todos os grupos profissionais e também devem valer para os médicos.

Lusa