“Não tenho ainda números finais, mas, por exemplo, nos hospitais que me têm contactado a adesão é muito elevada”, disse à Lusa Henrique Reguengo, presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, dando o exemplo do Instituto Português de Oncologia do Porto, onde a adesão é de 100%, o mesmo acontecendo nos Açores.
O responsável disse que ainda está a compilar os dados que estão a chegar ao sindicato, mas afirma: “se as coisas continuarem neste sentido, presumo que tenhamos uma adesão massiva, muito acima dos 90%”.
Os farmacêuticos dos serviços públicos de saúde iniciaram hoje uma greve de dois dias - a primeira de sempre -, que se repetirá em novembro, pela revisão e atualização das grelhas salariais e contagem integral do tempo de serviço no SNS para progressão na carreira.
Além de hoje e quarta-feira, a greve inclui dois dias em novembro (15 e 16) e abrange todos os serviços de saúde dependentes dos ministérios da Saúde, Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e Defesa Nacional, assim como nos Açores e na Madeira.
O sindicato, além da valorização profissional e da contagem integral do tempo de serviço no SNS para efeitos de promoção e progressão na careira, exige também a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no serviço público com contratos precários e a adequação do número de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades desenvolvidas.
Questionado pela Lusa, Henrique Reguengo lembrou que os serviços mínimos preveem que se faça serviço idêntico ao dos domingos e feriados, lembrando: “tudo o que é normalmente feito durante a semana no hospital será afetado”.
“Vai haver grandes constrangimentos, filas de espera e atrasos”, avisou o responsável, sublinhando que serão garantidos os mínimos “para que nenhum doente tenha de interromper a sua terapêutica”.
“Há um estudo da Universidade Nova que indica que estamos com 25% de carência de farmacêuticos no SNS. Normalmente já trabalhamos em mínimos, em tempo de greve a situação ainda é mais critica”, acrescentou.
No pré-aviso de greve, o sindicato pede igualmente o reconhecimento e homologação, por parte do Ministério da Saúde/Administração Central do Sistema de Saúde, dos títulos de especialista atribuídos pela Ordem dos Farmacêuticos, assim como a definição e regulamentação “de processo especial e transitório para regularização do acesso à especialidade/residência farmacêutica por parte dos farmacêuticos contratados após 01 de março de 2020”.
Denuncia também a “precariedade, falta de estabilidade e más condições de trabalho nos serviços farmacêuticos”, assim como a “falta de segurança no circuito integrado do medicamento e outros produtos farmacêuticos”.
“Já estivemos em reuniões com antiga equipa ministerial, que reconheceu que tínhamos razão e que era necessário resolver, mas depois não resolvem”, disse o responsável, acrescentando: “Espero que com esta nova equipa se dê um passo em frente”.
Henrique Reguengo frisa que esta é “ a primeira greve exclusiva dos farmacêuticos”, que estão já “completamente desesperados com a falta de resposta”.
“Não existe Serviço Nacional de Saúde sem uma atividade farmacêutica bem estruturada e capaz, seja na farmácia hospitalar, nas análises clínicas e na genética, que são as três especialidades que os farmacêuticos têm no SNS, mas para isso nós precisamos de atrair os melhores de nós. E, com este panorama, claramente isso não vai acontecer”, disse, em declarações anteriores à Lusa.
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