9 de dezembro de 2013 - 09h32
A dislexia, uma dificuldade para ler e compreender o idioma, é o resultado de uma má conectividade entre duas regiões do cérebro, revelou na quinta-feira uma investigação que traz mais luzes para este transtorno neurológico que afeta 10% da população mundial.
Durante várias décadas, neurologistas e psicólogos atribuíram este problema de aprendizagem a uma representação mental defeituosa das palavras e fonemas, lembrou Bart Boets, autor principal do estudo publicado na revista norte-americana Science.
Para confirmar esta hipótese, os cientistas examinaram com uma ressonância magnética 45 estudantes de 19 a 32 anos, 23 dos quais disléxicos, para obter imagens tridimensionais do cérebro durante a exposição a diferentes sons.
"Assim foi possível obter um bom registo neuronal de representações fonéticas" dos sons escutados, explicou Boets, um psicólogo da Universidade Católia de Lovaine, na Bélgica.
Os participantes, de língua flamenga e todos destros, escutaram uma série de sons diferentes como "ba-ba-ba-ba" e deviam identificar o que era diferente, um exercício que, segundo os cientistas, requer uma boa representação mental dos diferentes fonemas.
Os cientistas descobriram que as respostas do grupo de disléxicos e a intensidade de reações neuronais foram similares aos do grupo de controlo. "As suas representações fonéticas mentais estavam perfeitamente intactas", disse Boets.
Mas os participantes disléxicos foram aproximadamente 50% mais lentos para responder, segundo os cientistas.
Acesso defeituoso
Quando analisaram a atividade geral do cérebro, os autores do estudo descobriram que os disléxicos tinham uma coordenação menor entre treze regiões do cérebro que têm a ver com os sons básicos e a Área de Broca, uma das principais responsáveis pelo processamento da linguagem.
Outras análises revelaram que quanto mais frágil é a coordenação entre estas duas regiões cerebrais, mais lenta é a resposta dos participantes.
Isto demonstra que a causa da dislexia não é uma má representação mental dos fonemas, mas um acesso defeituoso destes sons na região do cérebro que processa o som, concluíram os autores.
Para Frank Ramus, um cientista especialista neste tema na École Normale Supérieure de Paris, que não participou no estudo, "esta é a investigação mais conclusiva em cinco anos" sobre a dislexia.
SAPO Saúde com AFP
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