Com o avanço da medicina e com o melhoramento das condições de vida da população conseguiu-se aumentar consideravelmente a esperança de vida. No entanto à medida que vamos envelhecendo aumenta a probabilidade de desenvolvermos certas doenças, que nos podem condicionar na nossa qualidade de vida. O objetivo de realizarmos alguns exames complementares de diagnóstico é identificar atempadamente as doenças nas quais conseguimos intervir, limitando as complicações e consequências que poderiam existir no caso dos diagnósticos serem feitos de forma tardia.
Um dos principais papéis da medicina é a prevenção e não podemos pensar na realização de exames complementares diagnóstico como a procura de doenças, mas sim como a prevenção das suas complicações.
Nos últimos meses houve uma redução acentuada do número de exames realizados e das consultas de Medicina Geral e Familiar, o que deixa a comunidade médica preocupada, pois a população não só está a adiar a avaliação e acompanhamento global da sua saúde, como está, também, a adiar os cuidados necessários para preparar o inverno desafiante que se aproxima com a chegada da gripe sazonal e a possibilidade do país enfrentar uma 2º vaga de Covid-19.
Actualmente dispomos de múltiplas armas terapêuticas que permitem uma intervenção precoce, evitando complicações, potencialmente fatais e que condicionam limitações na vida após os 65 anos. Desta forma fale com o seu médico assistente sobre a realização destes exames que poderão fazer a diferença na sua saúde:
1. Osteodensitometria óssea
É um exame que recorre à radiação X para medir a densidade óssea ao nível da coluna lombar e do fémur de forma a fazer o diagnóstico de osteoporose.
A osteoporose é uma doença que se caracteriza pela fragilidade óssea, é mais frequente nas mulheres que nos homens, e segundo alguns estudos pode afectar 50% das mulheres após os 65 anos. Quando esta doença é diagnosticada a tempo e tratada, podem-se evitar fracturas ósseas que condicionam grave incapacidade e contribuem para a perda de autonomia de pessoas mais idosas
2. Mamografia
A mamografia é um exame que recorre a uma dose mínima de raios-X e é o exame de eleição para realizar o rastreio do cancro da mama. Por vezes tem de ser realizado juntamente com ecografia mamária. A incidência do cancro da mama aumenta com a idade e cerca de 8 em cada 10 casos são diagnosticados acima dos 50 anos de idade. Quando diagnosticadas atempadamente permitem tratamentos curativos em cerca de 70% das mulheres.
3. Colonoscopia
A colonoscopia é um exame realizado com um tubo flexível com câmera, que permite observar o interior do cólon e do recto. Permite não só procurar e fazer análise das lesões, como também remover pólipos ( lesões benignas que se podem tornar malignas) que possam existir. Deve ser realizado a partir dos 50 anos. Alguns estudos estimam que este exame permite uma diminuição em 68% de casos de cancro nos pacientes vigiados. Deve ser feito a cada 10 anos em doentes de baixo risco.
4. Ecografia abdominal
A ecografia abdominal é um exame realizado através de ultra-sons e tem como objectivo avaliar alguns dos órgãos intra-abdominais. A partir dos 65 anos, principalmente na população com história de tabagismo, tem indicação como rastreio do aneurisma da aorta abdominal, que consiste numa dilatação da artéria que pode romper e ser potencialmente fatal. Pode ser feita uma única vez de forma a excluir esta doença. Cerca de 80% dos aneurismas aorta abdominal são assintomáticos e podem ser reparados cirurgicamente antes de ocorrer uma complicação.
5. PSA
O termo PSA significa “Antigénio Específico da Próstata’’ e é medido através de uma análise sanguínea. O valor obtido permite ajudar a diferenciar se estamos em presença de uma situação de aumento benigno da próstata ou de cancro deste órgão. Por si só não faz o diagnóstico de cancro da próstata, mas auxilia no rastreio deste cancro, tão frequente na população masculina a partir dos 50 anos. Ao fazermos esta análise temos de ter consciência que, por vezes, o seu valor elevado não significa que tenhamos cancro, no entanto a sua investigação pode levar à realização de biópsias à próstata com consequências para a saúde. Esta análise deve ser sempre discutida com o seu médico.
6. Glicémia em jejum
Com a mudança dos hábitos de vida da população e o aumento da incidência de diabetes nos países ocidentais, a glicémia em jejum assume especial importância como exame de rotina. É uma análise de sangue que permite avaliar os níveis de açúcar no sangue e fazer o diagnóstico precoce de diabetes. Permite também avaliar o estado de pré diabetes, podendo-se intervir na mudança do estilo de vida, de forma a retardar ou evitar o aparecimento da doença. Um doente com diabetes tratado e controlado precocemente terá uma saúde idêntica à de um indivíduo saudável, daí a importância de se fazer a avaliação da glicémia em jejum
7. Perfil lipídico
O Perfil lipídico é constituído por 4 parâmetros o colesterol total, o colesterol HDL (o bom colesterol) o LDL (o mau colesterol) e os triglicéridos. Obtêm-se através de uma análise sanguínea em jejum e permitem avaliar o risco de ter um enfarte agudo do miocárdio ou um acidente vascular cerebral no prazo de cinco anos. Após os 50 anos o risco de desenvolver uma doença cardiovascular aumenta, daí a importância de avaliar o perfil lipídico nesta faixa etária. Nos nossos dias dispomos de medicações eficazes na redução dos níveis de colesterol LDL e triglicéridos diminuindo o risco de desenvolvimento de doença.
8. ECG
O Electrocardiograma é um exame inócuo, realizado através da colocação de eléctrodos no nosso peito. Permite avaliar o ritmo cardíaco e de que forma é feita a condução eléctrica no coração. Com o avançar da idade certas arritmias cardíacas, ou seja, doenças em que há alteração do ritmo cardíaco são mais frequentes. A realização deste exame, permite a detecção precoce e intervenção nestas doenças diminuindo o risco de desenvolver complicações como o acidente vascular cerebral.
Um artigo do médico Veríssimo Silvestre, especialista em Medicina Geral e Familiar na Clínica CUF Mafra.
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