"As crianças estão a sofrer uma grande carga de hepatite viral e as consequências para a saúde pública são enormes", alertou Raquel Peck, CEO da Aliança Mundial contra a Hepatite (WHA, na sigla em inglês) num documento enviado à imprensa.
"A maioria dos bebés e crianças infetados não estão diagnosticados, nem tratados de forma efetiva", completou a responsável referindo-se a uma doença que mata 1,3 milhões de pessoas por ano.
A hepatite é uma inflamação do fígado causada por um vírus. Há cinco tipos, mas os B e C são responsáveis por mais de metade de todos os novos casos de cancro de fígado, segundo dados da OMS.
Dos 325 milhões de casos confirmados no mundo, 52 milhões são crianças, de acordo com os números divulgados na reunião.
Faltam programas de controlo
Transmitida em muitos casos de mãe para filho, a maioria das crianças sofre com o tipo B, mas os especialistas alertam para o aumento dos diagnósticos infantis de hepatite C, para a qual não existe vacina e cujo avanço preocupa devido à falta de prevenção e programas de controlo.
Além disso, existe a dificuldade posterior para tratar os menores. "Atualmente, quatro milhões de crianças vivem com hepatite C, que pode ser curada, e 48 milhões com hepatite B, para a qual existe uma vacina", afirmou Charles Gore, presidente da WHA, citado pela agência de notícias France Presse.
De acordo com os dados divulgados durante o evento, 84% dos países oferecem vacinas contra a hepatite B, mas apenas 39% proporcionam a dose necessária no nascimento para proteger os bebés de modo eficiente.
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"Já chega. Os governos e as organizações de saúde devem garantir que todas as crianças recebem a vacina contra a hepatite B e que recebam DAA (antivirais de ação direta) para a hepatite C, assim como que todas as mulheres grávidas são examinadas", pediu Gore.
Representantes de 80 governos e quase 200 especialistas e académicos participaram neste cimeira de três dias em São Paulo, convocada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a WHA. A primeira aconteceu em 2015 na Escócia.
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