O responsável do ramo francês desta organização não-governamental pelas políticas para o clima, Romain Benicchio, afirmou que “os ricos e os grandes emissores de CO2 devem ser responsabilizados pelas suas emissões”.

Os países em desenvolvimento “devem fazer a sua parte, mas é aos países rios que compete mostrar o caminho e assumir as consequências desastrosas dos seus modos de consumo”, adiantou.

Segundo o documento, intitulado “Desigualdades Extremas e Emissões de CO2”, uma pessoa que integre o grupo dos 1% mais ricos do planeta “gera em média 175 vezes mais CO2 que uma pessoas que se situe nos 10% mais pobres”.

A emissão de poluentes para atmosfera é a principal causa do aquecimento global, que segundo a Organização Mundial de Saúde se repercute  atualmente e a curto, médio e longo prazo na saúde dos habitantes do planeta.

Conheça os principais efeitos das alterações climáticas na saúde humana.

O que diz o relatório da Oxfam?

As alterações climáticas estão intrinsecamente ligadas às desigualdades económicas: é uma crise induzida pelas emissões de gases com efeito de estufa que afetam mais duramente os pobres", lê-se no relatório intitulado "Desigualdades Extremas e Emissões de CO2".

Apesar de o cálculo das emissões de CO2 se faça geralmente em função da produção por país, o estudo analisa sobretudo as formas de consumo individual e tem em conta os produtos importados, comparando ainda os efeitos desses modos de vida sobre o clima.

O relatório da Oxfam mostra também que, mesmo que as emissões totais dos grandes países emergentes progridam muito rapidamente - a China é o primeiro poluídos do mundo -, "as emissões ligadas ao modo de consumo dos habitantes mais ricos desses países são bem menores do que as dos seus equivalente nos países ricos da OCDE".

A Oxfam salienta que a Índia, o terceiro país mais poluidor do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos, deverá destronar os norte-americanos até 2030.

"É certo que as emissões aumentam rapidamente nos países em desenvolvimento, mas grande parte delas é proveniente da produção de bens de consumo noutros países", sublinha a organização não-governamental britânica.

"Os países em desenvolvimento devem fazer a sua parte, mas cabe aos países ricos mostrar o caminho e assumir as consequências desastrosas do seu modo de consumo e de desenvolvimento", acrescenta-se no documento.

No início de novembro último, os economistas franceses Lucas Cancel e Thomas Piketti, divulgaram um estudo semelhante e demonstraram que um norte-americano emite, em média, 22,5 toneladas de equivalentes a dióxido de carbono por ano, valor que é de apenas 2,2% quando se trata de um cidadão africano.

A questão da "responsabilidade histórica" dos países industrializados na deriva climática e a ajuda financeira aos países do Sul para poderem adaptar-se ao efeito de estufa e ao aquecimento global constituem os "pontos críticos" das negociações internacionais em curso.