Muitos de nós conhecemos a história de uma avó que, sendo perfeitamente autónoma e muito empenhada em dar apoio aos netos, após uma queda “estúpida” sofre uma fratura da anca e perde a autonomia que tinha até essa altura.
Essa fratura é um sinal de que esta pessoa tinha osteoporose, uma doença traiçoeira que vai avançando de forma silenciosa até ocorrer uma fratura. A sua história natural é esta, a menos que se desenvolva uma estratégia que nos permita identificar os casos em risco. Mas o grande problema, para além da fratura em si, é o impacto que esta poderá vir a ter na vida da pessoa. Sabemos que as fraturas da anca são as piores, até porque surgem normalmente em idades mais avançadas e têm um impacto marcado na qualidade de vida, para além de uma mortalidade importante. Entre cinco indivíduos que sofrem uma fratura destas, apenas quatro sobrevivem ao fim de um ano. Verifica-se, também, que estes indivíduos podem perder autonomia e um número significativo dos casos necessitam de ser institucionalizados. Por tudo isto é importante identificar quem está em risco de vir a desenvolver esta doença, para se poder tratar e evitar fraturas no futuro.
É obvio que uma parte da estratégia deverá ser orientada pelo médico de família, que mediante a informação clínica identifica quem são as pessoas em maior risco e assim poderá atuar para contrariar a evolução da doença.
Há, no entanto, uma responsabilidade individual no sentido de diminuir o risco de Osteoporose. A adoção de estilos de vida saudáveis é muito importante, tanto nesta como em várias áreas da saúde. Não podemos esquecer que à medida que vamos envelhecendo vamos perdendo músculo e força e com isso a probabilidade de cair é cada vez maior. O exercício físico regular é bastante importante e deve incluir o treino aeróbico assim como o treino de força. O objetivo é conseguir melhorar a condição física e diminuir o risco de quedas, uma vez que o exercício físico pode diminuir o risco de desenvolver quadro demenciais. Outros aspetos estão também relacionados com a alimentação: o cálcio, a vitamina D, o magnésio e as proteínas são importantes para a saúde músculo-esquelética e, com a idade, constatamos que são muitas vezes negligenciadas na alimentação e na suplementação.
Por outro lado, temos também que ter em consideração os hábitos nefastos, como o tabaco e o álcool, que têm efeito muito negativo na saúde óssea e não só, e, por isso, devem ser diminuídos e, se possível, eliminados.
Resumindo a Osteoporose é uma doença silenciosa, com impacto importante e crescente na vida das pessoas à medida que se envelhece. A estratégia para a combater deve passar, sobretudo, por uma forte aposta na prevenção. Para isto o estilo de vida e os bons hábitos devem ser reforçados, as necessidades nutritivas devem ser corrigidas e, ao nível dos cuidados de saúde deve existir uma estratégia de identificação e tratamento dos casos em risco.
Um artigo do médico Carlos Vaz, Reumatologista do Centro Hospitalar Universitário de S. João; Professor de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; e Presidente ad SPODOM (Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas).
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