As cores são muitas vezes vibrantes e a disposição é apelativa. Mas os produtos energéticos vocacionados para a prática de exercício físico são isso mesmo. Destinam-se a quem pratica desporto, têm entre os seus principais ingredientes hidratos de carbono e não são uma guloseima, apesar de serem doces e agradáveis ao paladar.
As barras energéticas pouco têm a ver com barras de cereais, apesar da embalagem, os géis não equivalem a compota de fruta e as bebidas desportivas não são um refrigerante qualquer. Aliás, "o seu consumo em excesso representa um elevado aporte de açúcares e calorias", alerta Rui Hernâni Gomes, nutricionista.
As opções em cima da mesa
Antes, durante e depois da prática de exercício físico pode ser benéfico complementar a sua alimentação com "meios de consumo de nutrientes para satisfazer as necessidades nutricionais do desportista", considera o especialista. Em Portugal, são muitos os praticantes regulares de atividade física que já o fazem. Alguns de forma inconsciente.
Os principais produtos destinados a esse efeito são as bebidas desportivas, as barras energéticas ou ainda os géis, sendo que na composição poderá encontrar "macronutrientes, maioritariamente hidratos de carbono, proteína e gordura, assim como micronutrientes como vitaminas do complexo B, C, por exemplo, e minerais como sódio, potássio e magnésio", enumera.
As precauções a ter antes do treino
A importância de preparar o seu corpo para a prática de desporto prende-se com a necessidade de "tentar carregar as reservas de hidratos de carbono", sem as quais "a intensidade do exercício está limitada", explica o nutricionista.
Antes da prática de exercício é importante consumir um lanche adaptado ao treino. Pode optar por uma refeição ligeira ou então consumir uma barra energética, sabendo que estas "contêm hidratos de carbono (20 a 50 gramas), proteínas (5 a 15 gramas) e vitaminas e minerais. Usualmente são pobres em gordura e fibra", descreve.
Os cuidados a ter durante a sessão de treino
As bebidas desportivas são formuladas "para prevenir a desidratação, fornecer hidratos de carbono que suplementem as limitadas reservas de glicogénio muscular e hepático, o combustível do exercício físico, e fornecer eletrólitos perdidos no suor", explica. Nestes últimos, "o mais importante é o sódio", incluído nas bebidas desportivas, o que "ajuda a reter a água ingerida, por ação a nível renal", considera o especialista.
Durante a prática de exercício físico, para evitar crises de hipoglicemia, pode beneficiar do consumo de bebidas desportivas ou de géis, indicados "quando as necessidades de hidratos de carbono excedem as de fluidos, na fase final do exercício ou quando os líquidos utilizados não contêm hidratos de carbono, como a água", sublinha. Note que "a importância das bebidas desportivas aumenta em sessões de exercício de uma hora ou mais", diz ainda.
Recuperar é outra fase essencial
Uma vez realizado o esforço, são importantes "a reidratação, a recuperação dos níveis de glicogénio muscular e hepático e a recuperação dos níveis de triglicerídeos intra-musculares" considera Rui Hernâni Gomes. As bebidas desportivas podem ser úteis, "ajudando a reidratar e a repor energia", o que se deve, em parte, ao seu conteúdo em hidratos de carbono.
Estes também estão presentes nas barras energéticas ou numa refeição ligeira e, para o nutricionista, a reposição de hidratos de carbono "é importante na medida em que as suas reservas no organismo são diminutas e, quando estão em baixo, instala-se a fadiga", refere. A proteína ajuda a minimizar o dano muscular, por isso procure especialmente estes dois macronutrientes.
Um consumo com peso e medida
Tudo o que é consumido em excesso faz mal e as bebidas desportivas ou barras energéticas não são exceção. Rui Hernâni Gomes recomenda uma "utilização ponderada", recorrendo a "um nutricionista ou médico para tirar o máximo proveito da aplicação dos produtos mas também para garantir a segurança da aplicação dos mesmos".
Não existindo um limite máximo universal, "a quantidade a ingerir varia mediante as necessidades nutricionais do desportista, que se relacionam com fatores como peso, altura e gasto energético [o número de treino e a carga de treino, entre outros]". O especialista lembra que a cafeína "deve ser evitada por crianças ou hipertensos, e o consumo de produtos com proteína deve ser monitorizado em doentes renais ou parkinsónicos".
O papel da alimentação
A par das potenciais vantagens das bebidas desportivas ou barras energéticas, "uma alimentação equilibrada é essencial para o aumento do rendimento desportivo e para a proteção da saúde", refere Rui Hernâni Gomes. Além disso, "é possível satisfazer as necessidades nutricionais do desportista sem recurso" a este tipo de produtos.
O nutricionista alerta ainda para "casos de sobrevalorização e má aplicação da prática de suplementação" e para a necessidade de não perder de vista o principal objetivo. "O cumprimento das suas necessidades nutricionais, através de uma alimentação cuidada em função da sua composição corporal, gasto energético e características individuais", acrescenta ainda o especialista.
Texto: Julie Oliveira com Rui Hernâni Gomes (nutricionista)
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