O diagnóstico da Toxoplasmose é realizado através de testes serológicos, baseados na pesquisa e doseamento dos anticorpos das classes IgM e IgG, produzidos pelo organismo em resposta a um agente infecioso.
Os anticorpos IgM surgem no sangue nos primeiros dias da infeção e os níveis aumentam durante cerca de dois meses e desaparecem ao longo dos meses seguintes. Os anticorpos IgG surgem dentro de uma a duas semanas após a infeção e atingem o seu pico entre o primeiro e o segundo mês e permanecem, normalmente toda a vida.
Numa consulta de preconceção ou na primeira consulta de gravidez, o médico assistente requisita a análise clínica à Toxoplasmose. Podem surgir os seguintes resultados laboratoriais:
- Ausência de anticorpos IgG e IgM, o que significa que a paciente não está imunizada e, como tal, deve ser informada dos cuidados preventivos a seguir durante a gestação. Deve ser efetuada uma monitorização serológica da Toxoplasmose durante a gravidez. É aconselhada a repetição da serologia uma vez em cada trimestre ou caso exista algum indício clínico sugestivo de eventual infeção;
- Presença de IgG e ausência de IgM, o que indica imunidade sendo o risco de Toxoplasmose congénita muito reduzido. Por norma, considera-se que a presença de IgG confere imunidade e não se justifica a repetição da serologia, por rotina, em mulheres consideradas imunes. Nos casos clínicos de IgG muito reduzida ou se existir suspeita clínica de infeção, a serologia deve ser repetida passadas três semanas para verificar se existiu ou não subida dos valores;
- Presença de anticorpos IgM e a ausência de anticorpos IgG pode indicar a presença de infeção aguda. No caso de se tratar de uma consulta pré-concecional, a paciente deve ser aconselhada a tomar os devidos cuidados na contraceção, de modo a não engravidar até se obter nova serologia decorridas três semanas. Caso a paciente já se encontre grávida, deve iniciar tratamento e repetir-se a serologia ao fim de três semanas;
- Presença simultânea de IgG e IgM pode significar a existência de uma infeção antiga ou uma infeção recente. Para estabelecer com maior precisão o diagnóstico, a determinação da avidez dos anticorpos IgG é uma técnica laboratorial que auxilia nestas situações. Este teste baseia-se no princípio de que a avidez dos anticorpos adquiridos após infeção, em relação ao antigénio, aumenta progressivamente com o tempo. A existência de uma forte avidez, significa que se trata de uma infeção já antiga, pelo menos com mais de quatro meses. Caso o resultado revele uma fraca avidez das IgG é provável que se trate de uma infeção recente. Em ambas as situações, deve ser repetida a serologia passadas três semanas. Nesta altura, caso as IgG estejam estáveis, então era de facto uma infeção antiga. Caso os valores das IgG estejam a aumentar, então trata-se de um quadro clínico de infeção recente por Toxoplasmose.
Um artigo de Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica.
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