1. É uma sobremesa por excelência

Tudo do por causa das propriedades macrobióticas que tem e das bactérias. Conforme Tiago Pinto Carneiro, estes elementos fazem com que a digestão "seja muito mais leve e agradável".

E quando servir o queijo como sobremesa: antes ou depois doce?

Para o proprietário, em substituição do doce, mas se não quiser abdicar do doce, o orador considera que é "mais interessante depois". "Teve uma refeição equilibrada entre gorduras e acidez e, de repente, no fim, quando está saciado, recebe um pico de açúcar. O PH do estômago começa aos saltos, fica desequilibrado", explica. "O que o queijo vem fazer é estabilizar", conclui. "É quase como quando se comem aqueles picantes muito fortes e depois tem que se beber leite. É a mesma coisa. O queijo vai estabilizar o estômago".

Workshop de queijos
Workshop de queijos Tiago Pinto Carneiro e o chef João Correia no início do workshop créditos: Divulgação

2. Sacia bastante

Deve-se ao nível de carga proteica e macrobiótica. Assim, se no final de uma refeição leve continuar com apetite, complemente com um pedaço de queijo.

3. O queijo de cabra é uma boa opção para quem tem intolerância à lactose

Segundo Tiago, "é o mais simpático para quem tem intolerância à lactose, por concentrar menos proteína caseína alfa-s1 e ter um tamanho mais reduzido de glóbulos de gordura. Isto faz com que seja mais fácil de digerir, o que causa menos desconforto para quem tem problemas com a lactose". Ainda assim, vale salientar que todos os queijos de origem animal têm lactose.

Tiago Pinto Carneiro, proprietário da Queijaria do Monte.
Tiago Pinto Carneiro, proprietário da Queijaria do Monte. Tiago Pinto Carneiro é proprietário da Queijaria do Monte Divulgação

4. As cascas são para comer

Uma lição importante a reter de Tiago que luta contra o desperdício alimentar. Pode comer a casca do queijo à vontade exceto as de plástico como do emmental ou o pano de linho de um cheddar, por exemplo.

O empresário ainda sugere que prove este lacticínio com e sem casca. "O comte é um excelente exemplo", sugere, acrescentando que a "casca potencia os seus sabores naturais".

E quando o produto já andou de mão em mão ou contem muito bolor?

O chef Correia, que assistia ao workshop da plateia, partilha uma dica: limpar o queijo. "A minha avó já fazia isso", conta. Deste modo, o chef limpa o queijo com uma gordura vegetal. Quanto aos bolores, não lhe assustam, "mas se for muito vincado, vou com a faca e raspo", revela. "Faço a raspagem daquele bolor mais intenso e depois quando já removi uma carga do bolor, passo uma gordura vegetal. Garanto que não há ali restos desse bolor ou dessas mãos".

5. Alguns queijos utilizam "maquilhagem"

A cobertura de pimentão pode ser vista como maquilhagem, uma vez que ajuda a mascarar aquilo que pode parecer feio.

6. É um organismo vivo

É verdade. O queijo transpira e é preciso deixar que trabalhe para atingir todo o seu potencial. Mesmo após ser adquirido continua a transformar-se.  "O queijo que em Portugal as pessoas querem consumir, porque está todo branco, em França ninguém lhe toca. Os franceses abominam aquilo, quer dizer que o queijo não está bom para comer, ainda não chegou ao ponto ótimo", explica Tiago.

7. É para se degustar à temperatura ambiente

Segundo o especialista, o melhor é tirar o queijo do frio uma hora antes de ser consumido. Isto vai ajudá-lo a desenvolver o seu perfil aromático.

Prova de queijos
Prova de queijos Workshop termina com prova de queijos créditos: Divulgação

8. Os queijos de leite cru têm mais "terroir"

Mas, atenção, existem queijos de zonas com geografia protegida a serem produzidos com leite pasteurizado. Até porque alguns países, como os Estados Unidos, não importam determinados queijos de leite cru.

9. Queijo suave, duro e azul: a base de qualquer tábua de queijos

"Isto serve de fio condutor", sugere Tiago Pinto Carneiro. "Não há nenhuma referência à origem, nem em termos de país, nem em termos do tipo de leite. Começamos com o mais suave, que é para abrir o paladar, depois o mais duro, que é mais intenso e, no final, o azul que é o que dá mais longevidade ao paladar".

10. Os passos de uma prova de queijo são semelhantes à do vinho

Primeiro há a inspeção visual, depois a olfativa ou manual e, por fim, a prova.

Prova de queijos
Prova de queijos Vinhos sugeridos para acompanhar a prova de queijos do Workshop que aconteceu no Rossio Gastrobar créditos: Divulgação

No Rossio Gastrobar há "cuidado e respeito pela matéria-prima"

O evento dedicado ao mundo do queijos (nacionais e internacionais), que teve lugar no Rossio Gastrobar, no passado dia 7 de outubro, foi o terceiro do ciclo de workshops gastronómicos criados pelo chef João Correia com o objetivo de promover a troca de experiências entre a sua equipa, chefs e formadores convidados.

A formação sobre queijos seguiu-se ao de borregos e de carnes maturadas e antecipa o regresso dos queijos à carta do espaço. "Nós não vendemos queijo no verão", explica o chef durante o evento. "Trabalhamos o queijo só no outono e no inverno".

tabua de queijos do Rossio Gastrobar
tabua de queijos do Rossio Gastrobar No Rossio Gastrobar, os queijos são apresentados ao cliente junto à mesa nesta tábua Ana Oliveira| S24 Ultra

"Entre o queijo ir à mesa, falarmos com o cliente, este escolher o produto, cortamos o mesmo, o queijo fica exposto", realça o chef. "Eu não quero expor o queijo a 37 graus lá fora. Está fora de questão", garante. "Há esse cuidado e esse respeito pela matéria-prima, para ter a certeza que o cliente com o queijo em condições".

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