De inúmeros guisados, cozidos, estufados que caracterizam a cozinha algarvia no inverno, o Mar d’Estórias menciona apenas dois, pela utilização de produtos típicos do litoral algarvio, em combinação com os ingredientes da época: A Caldeirada à Algarvia e a Cataplana de polvo com batata-doce.

No Algarve, há diversas formas de confecionar caldeirada, mas todas encerram o mesmo segredo – o tempo de cozedura. A verdade é que uma caldeirada à Algarvia não deve ser feita à pressa para que os ingredientes cozam homogeneamente e o molho apure.

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A maneira comum de preparar um bom tacho de caldeirada é dispor os ingredientes em camadas, pois tudo é cozido ao mesmo tempo. A diferença na duração que cada produto leva a cozinhar é compensada pela distribuição em camadas, assim como, a fusão de sabores que se cria ao manter sempre o tacho tapado. Já a escolha do peixe fica ao critério de cada um, mas são muitos os que consideram imprescindível pata-roxa na sua confeção.

“Uma caldeirada sem pata-roxa não é caldeirada!”, menciona a ti’ Amélia, do Rogil.  Assim, vai-se montando a caldeirada com o peixe previamente salgado, as rodelas de cebola e batata, tomate, pimento, azeite, salsa e louro para aromatizar.

A ti’ Rosinha de Barão de São João, adiciona ainda orégãos verdes que tem na horta, depois de juntar um pouco de água e vinho branco à cozedura. Já a ti’ Amélia não dispensa as três ou quatro sardinhas que acrescenta no topo do tacho para “dar um gostinho especial a mar”.

São preciosismos adotados por cada família que tornam ainda mais especial e local este reconfortante prato que, por vezes, é saboreado com fatias de pão torrado por baixo.

O princípio da caldeirada em preservar o sabor dos ingredientes cozinhando-os num ambiente fechado é utilizado também na cataplana. A cataplana de polvo com batata-doce é isso mesmo – o intenso, mas equilibrado sabor do polvo salgado e a doçura da batata-doce nova recentemente apanhada.

A ti’ Amélia, do Rogil ensina que com um bom fio de azeite, cebola, alho picado, louro, tomate e pimento se coze os raios do polvo na cataplana. Depois é só juntar a famosa batata-doce lira ao preparado com um pouco de água e “ter paciência para esperar que tudo cozinhe”.

O resultado destes dois pratos é como um cobertor quentinho num Inverno rigoroso; caldos de sabor a mar que aconchegam o estômago e enaltecem os aromas característicos da cozinha Algarvia.


Texto da autoria do projeto Mar D´Estórias, um espaço de valorização de tudo o que é Português, com especial ênfase para o Algarve.