“O estrangeiro está no nosso horizonte. Os planos para o futuro passam pela internacionalização. Não tenho a mínima dúvida”, contou José Eduardo Costa, presidente executivo da Leitaria da Quinta do Paço (LQP), loja que comprou em 2012 a um amigo da escola primária, depois de ter sido despedido de uma empresa nos EUA.

José Eduardo Costa, que pelo lado do pai tem uma ligação familiar à indústria de leite de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro, acredita que o centenário da loja que vai ser assinalado em 2020, vai ficar marcado com o desafio da marca do Norte de Portugal para avançar na internacionalização.

Os atuais donos da LQP, José Eduardo Costa e a mulher Joana Ramalho, contam que o truque para o sucesso da marca fora do Porto e Norte de Portugal foi vender parte da receita dos bolos éclairs às lojas franchisadas e assim poder ter a receita tradicional com o mesmo sabor nas lojas a sul de Portugal.

“Nós não entregámos a receita, mas entregámos uma parte da receita. O teste, o truque, era conseguir fazer [o bolo] em Lisboa da mesma forma como o fazemos no Porto. E conseguimos. Portanto, a partir deste momento estamos habilitados em fazer isso em qualquer parte, desde que exista massa crítica, exista volume para essa solução ser rentável. Podemos pegar nisto e ir para o estrangeiro”, explicou.

Os donos da LQP dizem-se confiantes para que o próximo passo na expansão da marca seja a conquista de lojas no espaço europeu.

“Sem grandes meios e sem grandes investimentos industriais e de investigação, aqui na Europa estamos habilitados para ir para qualquer lado, sem problema absolutamente nenhum”, indicou.

Questionado pela Lusa sobre a possibilidade de abrir lojas para além da Europa, José Eduardo Costa está menos confiante, porque revela que o sabor das natas que a Leitaria tem pode não ser conseguido replicar em todas as partes do mundo e isso iria alterar a principal característica da especialidade, que “é o chantilly", explicou.

José Eduardo Costa contou que já houve abordagens à Leitaria para abrirem no estrangeiro, inclusivamente para o Médio Oriente, no Dubai, mas considera que nessa parte do globo há algum "défice de fornecimento" e a nata poderá "não ser igual" à que é usada para rechear os éclairs em Portugal.

Para assinalar o primeiro centenário da loja, os donos da Leitaria ainda que estão à procura de um parceiro no setor da investigação científica que os ajude a conseguir criar uma fórmula que permita "estabilizar o ‘chantilly’" com a validade de uma semana.

“As pessoas já não sabem o que é chantilly verdadeiro. A intenção é conseguir no futuro estabilizar o ‘chantilly’ e conseguir colocá-lo numa embalagem de forma a que se consiga, pelo menos, ter em condições com uma validade de uma semana”, explica José Eduardo Costa, presidente executivo da LQP.

Na calha está também a criação dum novo éclair com sabor de "doce de ovos", porque "combina muito bem com o chantilly", desvendou o presidente executivo, acrescentando que os sabores temáticos alcoólicos, designadamente o sabor a uísque, também vão regressar.

“No início, era o leite. 100 Anos” é o título de uma síntese histórica que vai ser lançada pela Leitaria da Quinta do Paço, que pretende eternizar na história do Porto os seus produtos lácteos vendidos desde 1920 e cuja atual especialidade são os legendários bolos éclairs recheados com ‘chantilly’ fresquinho.