Não é difícil encontrar um sorriso na chef Justa Nobre, como também ninguém lhe subtrai aos atributos a forma como empresta o seu talento culinário aos pratos que recria e redescobre da cozinha da região de onde é natural, Trás-os-Montes. Justa Nobre ganhou o estatuto de incontornável da cozinha portuguesa. Da sua região natal, para a mesa lisboeta, atualmente expressa no restaurante O Nobre, a chef tem a preocupação de utilizar os produtos que fazem parte da nossa matriz nacional.

Disso mesmo faz prova Justa Nobre no programa que gravou a par de outro nome da cozinha portuguesa, Cátia Goarmon, conhecida nas lides culinárias como Tia Cátia. Na nova temporada d' Os Segredos da Tia Cátia, transmitido no canal temático 24Kitchen, encontramos Justa Nobre a cozinhar a quatro mãos com Cátia Goarmon. A propósito desta parceria no episódio 1 da 11.ª temporada, falámos com Justa Nobre. Quinze perguntas rápidas, para outras tantas respostas imediatas. Sem empecilhos, falamos de cozinha portuguesa, ingredientes, palavras de apoio, de sucesso e insucesso.

Como foi participar nesta nova temporada d’Os Segredos da Tia Cátia sabendo que cozinhar a quatro mãos implica grande empatia?

Foi gratificante partilhar este momento com a Tia Cátia. Ela é muito empática, querida e descontraída, tal como eu.

Se tiver de resumir a cozinha que prepara numa frase, como a apresenta?

Cozinha portuguesa com um toque pessoal, inspirada nas minhas raízes, Trás-os-Montes.

Qual foi o insucesso na sua vida profissional que mais a fez crescer como cozinheira?

Uma sociedade desastrosa.

Imagine que alguém que não conhece de todo a cozinha portuguesa se sentava à sua mesa. Que prato lhe prepararia que fizesse a síntese do nosso país?

Possivelmente um prato de robalo à portuguesa, um bacalhau ou um cabrito.

24Kitchen
"Lá Para Trás-os-Montes" intitulou o programa que juntou na mesma cozinha as chefs Justa Nobre e Cátia Goarmon. créditos: 24Kitchen

Na mesma linha, que ingredientes fazem a síntese da sua cozinha?

Azeite, ervas aromáticas e proteína de qualidade.

Quais foram as palavras mais elogiosas que recebeu sobre a sua cozinha?

Já tive clientes a comerem e virem-lhe lágrimas aos olhos porque os pratos os fizeram recordar memórias antigas (da infância).

Em sentido contrário, quais as palavras que mais a magoaram?

Palavras menos elogiosas aceito como críticas construtivas. Felizmente nunca ninguém me disse nada que me magoasse.

O que falta dizer sobre a cozinha portuguesa que não foi dito até agora?

Que a cozinha portuguesa não parou no tempo continua a evoluir.

Uma chef para vingar nas cozinhas portuguesas precisa de se tornar uma estrela e contar com exposição mediática?

Não necessariamente. A exposição é importante, mas não é tudo. As nossas estrelas são os nossos clientes.

Se tivesse a possibilidade de escolher uma pessoa famosa para lhe preparar uma refeição, qual seria e porquê?

Pergunta difícil…Alain Ducasse, admiro o trabalho dele, a forma como se dedica à profissão e transmite o seu Saber.

Qual a sua principal característica?

Persistência.

O que mais aprecia num cliente?

A alegria com que sai do meu restaurante.

Que pessoa ou pessoas foram determinantes para si na sua profissão? Alguém teve influência na forma como trabalha atualmente?

Os próprios clientes ajudaram-me muito a evoluir, pela continuidade de vezes que me visitaram, fui sentindo necessidade de criar pratos e melhorá-los para lhes poder proporcionar experiências de qualidade. Daí ter clientes que me seguem desde sempre…

Há alguma região do país em termos de gastronomia que prefira? Porquê?

O Norte pela qualidade da carne e o Sul pela oferta de pescado.

Há segredos na cozinha que não se partilham? Ou não há nada a esconder?

Para mim, não há segredos, o saber só faz sentido se for partilhado.