O dirigente da empresa portuguesa referiu, durante o Climate Change Leadership, que decorre até quinta-feira no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, que devido às alterações climatéricas a produção vinícola também teve de se adaptar a este flagelo.

“Ao longo dos últimos 20 anos, verificou-se uma maior adição de PH e álcool nos vinhos”, disse António Graça.

Para o Diretor do Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Sogrape, o principal aliado para este desafio climatérico é a vinha, o estudo dos seus genótipos e a sua integração resiliente nos diferentes terroirs. Uma agricultura livre de herbicidas, o aproveitamento da água pluvial (68% da água usada no grupo provém desta fonte), a produção integrada e certificada e a monitorização dos efeitos de fenómenos como a seca na qualidade das uvas foram outras das alíneas em destaque na apresentação. António Graça terminou por dizer que ninguém pode ficar para trás e que o esforço tem de ser coletivo.

António Graça salientou ainda que, perante as alterações climáticas, "as melhores castas são as que têm o ciclo vegetativo mais longo, como é o caso do Tinto Cão, uma das mais usadas para fazer vinho do Porto, para amadurecerem no tempo certo", ao passo que "o cabernet sauvignon é talvez a mais notória a nível internacional".

O chileno Gerard Casaubon, na qualidade de Diretor de Inovação e Desenvolvimento da Vina Concha Y Toro, apresentou os números do seu plano estratégico para o quadriénio 2016-2020. 5 milhões de dólares de investimento, 2,5 milhões dos quais alocados à investigação com o objetivo da empresa se tornar líder mundial da indústria do vinho no campo da Inovação e Desenvolvimento.

À semelhança dos restantes oradores, Gerard salientou a importância de reduzir o consumo de água na indústria, apontando como caminho a calendarização de um sistema de irrigação monitorizado por satélite e assente em novas tecnologias. A vinha do futuro, disse ainda o diretor com formação em agronomia e enologia, vem da seleção clonal das espécies, do uso de matérias vegetais e da capacidade de garantir a biodiversidade do sistema envolvente. “A biodiversidade é uma fonte eficaz para captar CO 2 ”.

A conferência termina na quinta-feira com uma intervenção do ex-vice-presidente dos Estados Unidos nos mandatos de Bill Clinton e ativista ambiental Al Gore.