Foi em Meca, na Península Arábica, que surgiram os primeiros cafés denominados Kaveh Kanes, inicialmente com uma função religiosa, mas tendo-se tornado rapidamente em locais de jogo, de conversa, canto e dança. Desta cidade os cafés disseminaram-se para o Cairo (Egipto), Aden (Iémen) e Medina (Arábia Saudita).

No século XVI o café era um espaço bastante frequentado em Constantinopla (atual Istambul, na Turquia), disseminando-se pela região. Por volta de 1530 abriam portas os Café das Rosas e do Portão da Salvação, em Damasco, na Síria.

Só bastante mais tarde este tipo de estabelecimento chegou à Europa. Na Inglaterra do século XVII, o café era um espaço bastante austero, com um balcão num extremo, onde uma jovem distribuía o chá ou o café em pequenas chávenas. Os empregados serviam à mesa, distribuindo gratuitamente exemplares de diferentes jornais.

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café Antigo café em Istambul (antes Constantinopla), na Turquia.

Depressa os cafés se tornaram aglutinadores de indivíduos com as mesmas ideias, fações políticas. Os clérigos, por exemplo, frequentavam o Cocoa Tree, em Covent Garden. Os actores, o Bedford, enquanto que muitos homens de negócios frequentavam o Lloyd´s Coffee House, que com o tempo se tornou na atualmente conhecida instituição bancária.

Os cafés eram também, por excelência, o espaço dos estudantes, tomando o nome de Penny Universities porque, dizia-se, pelo preço de um café (um peny) o estudante aprendia mais do que a ler livros.

O hábito de abrir cafés atravessou o Canal da Mancha e, em 1672 abriu o primeiro estabelecimento em Paris, pelas mãos de um arménio chamado Pascal. O seu sucesso foi efémero e partiu para tentar a sua sorte noutros países europeus. Por essa altura surgia a moda, na capital francesa, de vender café ao domicílio, jorrando de uma pequena fonte.

Não levaria, contudo, muito tempo até que os franceses se apercebessem da função social ligada ao ato de beber café. Esta surgia, indissociável, do saber estar à mesa em convívio, entregue aos prazeres de uma boa conversa. Desta forma, a partir da última década do século XVII, cultivou-se a atitude de abrir estabelecimentos, surgindo a corporação dos “botequineiros e comerciantes de aguardentes”.

Na Itália os cafés existiram antes de os primeiros abrirem em França. Em Veneza a boutique de café, inaugurada no século XVII, rapidamente se tornou num ponto de referência. Contudo, os cafés mais célebres datam do século XVIII: o Greco, em Roma, aberto em 1760 e, principalmente, o Florian, em Veneza, aberto em 1720, com os seus salões requintados e concertos públicos debaixo das arcadas da Praça de São Marcos.

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Na Alemanha, os cafés instalaram-se em Hamburgo, em Berlim e, principalmente, em Lípsia, cidade de tipógrafos que os escritores e outros eruditos frequentavam. Bach, um dos maiores compositores de todos os tempos, foi inclusivamente autor de uma Cantata de Café. No início do século XVIII, o privilégio de vender café estava reservado a quatro destiladores. Esta conduta levou a que surgisse um mercado paralelo, de café torrado fraudulentamente e contrabandeado.

Em Berlim o café foi reforçado com uma tradição de cabaré de cançonetistas.

Já em Viena, na Áustria, o café depressa se tornou numa verdadeira instituição. Para o vienense este estabelecimento era o prolongamento natural da sua casa. Foi em Viena que nasceu o café-concerto.

Em Portugal, influenciados pela moda vinda de França, surgem no século XVIII os primeiros Botequins, casas humildes, onde se servia às mesas, entre outras bebidas, o café.

Após o Terramoto de 1755, com a consequente reconstrução da cidade de Lisboa, surgem os primeiros cafés com alguma distinção. Com eles chegam as primeiras tertúlias. Os estabelecimentos tornam-se então espaços de convívio, de troca de opiniões.

Inicia-se a época de ouro do café, com o surgimento da Chave d´Ouro, do Café Portugal, do Café Lisboa, do Monte Carlo, da Brasileira do Chiado, do Café Nicola, do Martinho da Arcada, só para citar alguns nomes e restringindo-nos a Lisboa.