A Comunidade Europeia da Nova Gastronomia (ECNG), entidade que congrega 15 academias nacionais, tem como objetivos a defesa e promoção dos valores culturais da Gastronomia no contexto do século XXI nos países europeus, englobando as suas vertentes histórica, cultural, científica e nutricional, bem como a promoção da saúde e a sua influência nas relações familiares e sociais, no bem-estar social e na educação do gosto. Atualmente a ECNG conta com sede em Lisboa e o apoio institucional e logístico do Município de Oeiras, onde desenvolve a maior parte da sua atividade.
De acordo com as linhas orientadoras definidas para a atuação da ECNG, o encontro de novembro último, no Tagus Park, em Oeiras, organizado por esta entidade e pela Câmara Municipal de Oeiras, contou com um painel de oradores nacionais e internacionais que debateram e refletiram sobre vários temas da atualidade relacionados com os novos caminhos para os quais aponta a gastronomia. Temas que, de acordo com a organização, “importam à população em geral, como pais, filhos, educadores, professores, entre outros”.
Entre as várias diretrizes que se destacaram nesta segunda edição do evento, há a sublinhar, de acordo com documento disponibilizado pela organização do Congresso, “que a gastronomia do século XXI não pode limitar-se ao prazer, mas deve considerar quatro áreas fundamentais: saúde, solidariedade, sustentabilidade e satisfação”. Ainda no que respeita a diretrizes, os conferencistas concordaram que “a gastronomia engloba todos os elos da cadeia alimentar: produção agroalimentar, indústria transformadora, distribuição e comércio, hotelaria e restauração e consumo doméstico”; e que “a Nova Gastronomia deve apoiar a conservação, defesa e promoção do património gastronómico de cada país e região e, ao mesmo tempo, promover a criatividade na cozinha, a ‘cozinha da liberdade’, cozinha de autor”.
“A gastronomia é um setor chave para promover um turismo de qualidade; como consequência desta mudança radical no conceito de gastronomia, é necessário um novo quadro legal e educacional”, identificaram os conferencistas.
Gastronomia solidária e sustentável motivou mesas redondas
Momento de encontro entre diferentes intervenientes no setor, a iniciativa pautou-se por mesas redondas e apresentações sobre diversos temas atuais relacionados à Nova Gastronomia. José Bento dos Santos, presidente da Academia Portuguesa de Gastronomia, falou sobre a educação do paladar. Arantxa de Miguel Uriarte, docente da Licenciatura em Gastronomia da Universidade Francisco de Vitória, abordou a necessidade de um código de ética para os profissionais da gastronomia e, Miguel Poiares Maduro, apresentou a criação do Observatório Europeu da Gastronomia. Por sua vez, Carlos Fontão de Carvalho, sócio fundador da Comunidade Europeia da Nova Gastronomia falou sobre o direito à alimentação.
A Nova Gastronomia deve apoiar a conservação, defesa e promoção do património gastronómico.
O evento contou, ainda, com quatro mesas redondas sobre “Gastronomia Saudável”, moderada por Paulo Amado; “Gastronomia Solidária”, por Margo Gabriel; “Gastronomia Sustentável”, com moderação de Maciej Dobrzyniecki (e com a participação, entre outros, de Alfonso Marín, Secretário-Geral da Academia Ibero-Americana de Gastronomia); e “Gastronomia Satisfatória”, moderada por Rafael Ansón (entre os participantes, José Manuel Ávila, diretor geral da Fundação Espanhola de Nutrição). A Academia Sueca de Gastronomia também teve uma participação especial, com a intervenção do seu presidente, Per-Olof Berg, que apresentou o projeto “Estocolmo, Capital Europeia da Nova Gastronomia 2023”.
Uma entidade aberta à comunidade
A ECNG está profundamente ligada à Academia Internacional de Gastronomia. “Além das academias nacionais dos países europeus que queiram aderir, pretende-se que a Comunidade Europeia da Nova Gastronomia integre, à medida que se for consolidando, reconhecidas personalidades do mundo da gastronomia de todos os países da União Europeia, nas mais diversas vertentes, desde social, profissional, cultura gastronómica, educação, saúde, nutrição, gourmets, artistas, médicos, advogados, economistas, cozinheiros, produtores de vinho, agricultores, jornalistas, investigadores, entre outros”, afirma Carlos Fontão de Carvalho, sócio fundador da Comunidade Europeia da Nova Gastronomia. “Pretende-se, também, a colaboração de universidades, academias e associações nacionais e regionais, bem como de empresas líderes a nível europeu”, acrescenta.
Gastronomia como setor-chave para promover um turismo de qualidade
No que toca às conclusões do congresso, estas coincidem com as premissas do “Manifesto Ibero-Americano da Nova Gastronomia do Século XXI”, apresentado no ano transato na sede da Secretaria-Geral Ibero-Americana, e assinado pelas 15 Academias Nacionais que fazem parte da Academia Ibero-Americana de Gastronomia.
Em resumo, as conclusões assentam em diversos pontos sumariados abaixo:
- A gastronomia do século XXI deve considerar quatro áreas fundamentais: saúde, solidariedade, sustentabilidade e satisfação;
- Todos os elos da cadeia alimentar devem ser englobados na gastronomia como produção agroalimentar, indústria transformadora, distribuição e comércio, hotelaria e restauração e consumo doméstico;
- A Nova Gastronomia deve apoiar a conservação, defesa e promoção do património gastronómico de cada país e região;
- A gastronomia é um setor chave para promover um turismo de qualidade;
- É necessário um novo quadro legal e educacional para o novo conceito de gastronomia.
Refira-se que a Comunidade Europeia da Nova Gastronomia (ECNG) é uma associação sem fins lucrativos fundada por iniciativa de personalidades da Real Academia de Gastronomia (Espanha), da Academia Polaca de Gastronomia e da Academia Portuguesa de Gastronomia. A ECNG conta com o alto patrocínio da Academia Internacional de Gastronomia.
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