Sem sabermos, a experiência começa no parque de estacionamento. Uma cliente dirige-se ao carro e atrás, segue alguém que a ajuda a carregar a encomenda que está prestes a desaparecer no porta-bagagens. Percebemos de imediato que se trata de uma refeição, especial, para vir de duma cozinha de um hotel com cinco estrelas.
Vamos no encalço da pessoa que, gentilmente, nos segura a porta para entrarmos na receção. Trata-se nada mais nada menos do que do próprio chef executivo em pessoa, Sebastian Fritye, que está prestes a iniciar o serviço de jantar. No nosso relógio ainda não são 19h30.
Feitas as apresentações, o chef encaminha-nos em direção ao The Mix, o nosso destino final. Trata-se do restaurante à la carte/fine dining do hotel, mesmo ao lado do Sushi Design, que, pelo nome, denuncia o tipo de gastronomia servida.
O The Mix é um daqueles aconchegos de inverno, com ambiente à média luz, que nos envolve para uma refeição mais intimista. Não há grandes alaridos à nossa volta e arriscamo-nos a dizer que será uma aposta segura para quem procura um local descomprometido para um jantar de sexta ou sábado, os dias mais temidos da semana para quem quer jantar fora à última da hora e corre o risco de não ter reserva. Sabemos que os restaurantes de hotel acabam por estar envoltos naquela aura de exclusividade, que os espaços de hotelaria lutam por contrariar.
O jantar é feito numa noite fria de outono, que já parece inverno, dado as poucas horas de luz. Não é por isso possível apreciar a vista para o mar que está à nossa frente, mas é algo que faz completamente a diferença, assegura-nos Gabriela Pardal, responsável de F&B do Farol Hotel, que elogia aquele que considera o local onde se pode apreciar um dos pores do sol mais bonitos da zona. Acreditamos que assim seja, um lugar a considerar sobretudo no verão, quando o calor e os dias longos têm lugar.
O chef Sebastian Fritye já não é desconhecido nestas andanças de hotéis de cinco estrelas. O seu curriculum fala por si: nasceu na Roménia, mas cresceu na Áustria. Trabalhou em restaurantes em Paris, mas está em Portugal há tempo suficiente para falar um português perfeito. De passagem esteve nos hotéis Ritz, Penha Longa ou The Oitavos, antes de chegar ao Farol Hotel, em 2019. No entanto, apenas em 2022 é que lançou a sua primeira carta de assinatura.
A nova carta do The Mix está em vigor desde início de novembro. “É um restaurante gastronómico e não deixamos de o ser, mas dada a nossa proximidade do mar, fazemos mais peixe do que carne”, explica-nos em relação ao facto em breve terem disponível na carta opções de menu de degustação, aquilo que classifica como um fine dining mais puro e duro, com possibilidade de pairing de vinhos.
Para a carta de inverno, o que pode esperar é um conceito “de conforto e de partilha. O inverno e o frio levam-nos a isso mesmo, comida de conforto, sem grandes complicações”, enfatiza. Privilegiando os peixes e os mariscos, na carta não faltam um robalo de linha ao sal (27€), pregado grelhado com molho meunière (70€ para duas pessoas), acompanhado de um arroz de açafrão e legumes do jardim, ou pescada - lombo de pescada de anzol com molho pilpil, 23€ - “para assustar as pessoas porque pensam que é aquele peixe menor, mas é uma pescada fresca, de anzol, sem relação com aquela que encontramos no supermercado”.
Se pegar na carta do The Mix, vai encontrar escolhas arrojadas, e acrescentamos nós, arriscadas. De acordo com o chef, “gosto de usar produtos que as pessoas receiam, ou que já esqueceram e que só se encontram em restaurantes tradicionais”. Questionamos: seria capaz de pedir uma enguia fumada, tártaro de tomate e sorvete de limão (25€), da secção de entradas? “Muitas pessoas têm receio de o escolher, mas as texturas fazem toda a diferença”, assegura o chef. Este será precisamente um dos pratos que temos oportunidade de provar e acredite: a experiência não vai ser nada do que espera de enguia. O toque final é dado precisamente pelo sorvete de limão, o twist que vai fazer com que o prato faça todo o sentido.
Na carta anterior um dos pratos tinha por base língua de vaca. Arriscar é coisa que o chef Sebastian Fritye não tem receio de fazer.
Destaque ainda para a manteiga de lavagante e camarão da costa (3€) ou croquete de presunto (4 unidades, 8€) nas opções de couvert, e espuma de arroz-doce, acompanhada de gelado, geleia de limão bergamota e physalis (12€) ou “Onde está a sericaia?” (12€), para finalizar com sobremesas. Mesmo para os mais gulosos, a sugestão é dividir pois as porções são bem servidas.
Gabriela Pardal entra em cena para sugerir os vinhos a acompanhar na refeição, onde são privilegiadas as referências portuguesas, apesar de terem na carta alguns exemplares de outras latitudes, “mesmo só para fazer uma coisa diferente do habitual, mas uma coisa completamente fora da caixa”, confidencia, como vinhos biológicos ou vinhos que tenham alguma história particular. “Nós queremos que os clientes venham aqui e tenham uma boa experiência gastronómica. E que tenham alguma exclusividade em termos de vinho. Estamos a trabalhar a exclusividade, mas com preços aceitáveis”, conclui.
Menus de festa para as celebrações que aí vêm
Como é natural na época, também o Farol Hotel desenhou dois menus a pensar nas festividades que se aproximam.
Para o Natal, a proposta da noite de Consoada do chef Sebastian Fritye é um menu de cinco momentos (90€ por pessoa sem bebidas), servido entre as 19h30 e as 23h. As sugestões são macaron de grão e coentros com brandade de bacalhau, como amuse bouche, escabeche de codorniz, mousse de foie-gras, geleia de laranja e pickle de butternuts, para entrada, trouxa de couve-lombarda e camarão, polvo grelhado, emulsão de nabo e baunilha, como sugestão de peixe, tourt de borrego, cogumelos e salada de beterraba, na carne e finalizando com Globo de Natal, uma esfera de chocolate, passas, ginjas maceradas e gelado de ginja.
Há ainda um bruch no dia 25 de dezembro, servido entre as 12h30 e as 15h30, com um custo de 85€ por pessoa.
Já na Passagem de Ano, o tema da festa será “Le Cirque”, que inclui canapés, jantar e ceia, por 285€, com bebidas incluídas. Se é do tempo da mítico Coconuts, poderá matar algumas saudades. Apesar de a festa se realizar na sala do The Mix, é possível ver o local onde funcionou uma das discotecas mais badaladas da noite de Cascais, que marcou várias gerações, e que encerrou como a conhecíamos em 2008.
O SAPO Lifestyle visitou o The Mix a convite do Farol Hotel.
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