Assim que foi lançada no mercado norte-americano, em 2016, a Milk Makeup (MM) distinguiu-se das demais por promover o conceito de clean beauty e por contribuir para o aumento da consciencialização do impacto ambiental do sector da beleza. Depressa ganhou o estatuto de marca de culto, tendo chegado a Portugal em 2019.

Mais do que uma tendência, o clean beauty é um movimento que promove o uso de cosméticos e produtos para a pele livres de produtos químicos nocivos. Este movimento está também associado à beleza natural e verde, assim como a outros tipos de beleza não convencionais.

Assim, a clean beauty, em português beleza limpa (tradução livre), assegura que estamos a usar um produto que não coloca em risco a nossa saúde.

Para já, ainda não existe uma definição oficial do termo e, por isso, alguma perspetivas podem variar conforme a voz e propósito da empresa que a está a definir.

Com mais de 2,5 milhões de seguidores no Instagram e com quase 1 milhão no TikTok, a Milk construiu uma comunidade de fãs online ampla que expressa bem o espírito da marca: autêntico e inclusivo. E são muitos os seguidores que criam e partilham vídeos onde surgem a usar e testar os seus produtos.

Aqueles que geram mais conteúdos nas redes sociais são os famosos carimbos de tatuagem e os produtos da linha KUSH. Também o Cooling Water Jelly Tint Blush + Lip Stain, que chegou a Portugal no passado mês de março, virou sensação online.

Mas qual é o segredo da Milk Makeup?

"Sempre achei que seria agradável que a beleza fosse menos complicada, especialmente em relação à maquilhagem”, diz-nos Zanna Roberts Rassi. Com vasta experiência no mundo da moda, a jornalista e editora conta-nos que enquanto se encontrava em estúdio para acompanhar sessões fotográficas para as revistas que colaborava pensava em formas de simplificar o processo de maquilhagem. “Eu via sempre no set muitos pincéis, paletas e outros utensílios”, explica.

Deste modo, questionou-se: "Como é que podemos criar uma linha que funcione para as pessoas e para os criativos [indústria]?"

A MM nasce a partir do estúdio novaiorquino Milk, onde são fotografadas grandes celebridades e campanhas publicitárias. E é, deste modo, desenvolvida com o propósito de tornar a maquilhagem e os cuidados de rosto mais práticos e simples ao mesmo tempo que mais amigos do ambiente. “Somos, desde o início, veganos e livres de crueldade”, afirma.

Zanna e os restantes fundadores da marca — Dianna Ruth, Georgie Greville, Mazdack Rassi — acreditaram desde o inicio que a "beleza limpa" seria algo importante para todos. Foi por isso que arriscaram e apostaram em ingredientes mais naturais e de qualidade para criarem os seus produtos, conscientes de que saíria mais caro do que se investissem em opções mais artificiais e comuns.

"Estes eram os nossos valores para sermos completos, livres de crueldade e veganos, utilizando apenas os melhores ingredientes, limpos e orientados para uma comunidade criativa", afirma. "E tudo é construído de uma forma sustentável".

"Não nos importaríamos que os nossos filhos utilizassem a nossa maquilhagem"

Para criarem a maquilhagem, Zanna explica-nos que a Milk se guiou por uma máxima: usar apenas ingredientes que os fundadores fossem capazes de testar nos filhos pequenos. "Quando lançámos a marca, todos tínhamos filhos menores de idade... Tínhamos cinco filhos de três anos entre os fundadores e poderíamos literalmente testar neles os nossos produtos", partilha. "Não nos importaríamos que os nossos filhos utilizassem a nossa maquilhagem. Para nós, isso foi super importante".

Deste modo, a Milk aposta em maquilhagem que contém ingredientes nutritivos e que cuidam simultaneamente da pele do rosto. "Fizemos isto antes de qualquer um. Tenho muito orgulho em dizê-lo", desabafa Zanna.

Liberdade, experimentação e auto-expressão

"Quando lançámos [a MM], não dissemos: é assim que se usa, deve ser deste género e estas são cores que devem aplicar. Nós fomos mais além: faz como achares melhor”, conta-nos Zanna, ao referir que a marca é “para homens e mulheres".

"Nasceu para uma comunidade criativa que vive à volta do mundo. Esse grupo é constituído por pessoas que vivem em Lisboa, Nebraska ou Manchester", constata. "Percebemos muito rapidamente que não estavam apenas nos estúdios da Milk. Estão em todos os lugares e só querem utilizar maquilhagem à sua maneira, da maneira que vêm a beleza".

"O lançamento foi um grande momento. Este era um espaço vazio. Por outro lado, ainda ninguém estava a promover a neutralidade de género. Na altura, tudo era muito prescritivo", lembra.

Zanna Roberts Rassi, a editora de moda que co-fundou a Milk Makeup para simplificar a arte de maquilhar
Zanna Roberts Rassi na "red carpet" da 95ª edição dos Óscares créditos: 2023 Getty Images

Os Milk que integram a rotina de beleza de Zanna Roberts Rassi

Como tem uma pele muito seca, viaja muito e "provavelmente" não bebe muita água, Zanna opta por hidratantes muito ricos. "Sou uma grande fã do nosso de leite vegano. Acho que é muito procurado na Europa", refere. "É muito rico e não é oleoso. Funciona em todos os tipos de pele e não tem fragância, o que é ótimo para quem tem pele sensível como a minha".

"Em relação à maquilhagem, eu estou sempre de um lado para o outro. Para o trabalho, uso o lip + cheeks, a nossa Rise Mascara ou a KUSH Mascara e o Future Fluid Concealer", enumera. "Para o dia-a-dia, uso maquilhagem mais básica. Sou mãe, tenho dois filhos e 27 empregos como a maioria das mulheres atualmente. Andamos todos a fazer malabarismos", contextualiza.

"A Milk Makeup foi criada para facilitar-nos a vida. Afinal, ela já é bastante complicada, não acham? A maquilhagem não devia ser difícil", finaliza.