O hiperativo diretor artístico, referência de estilo dos millennials e rei no Instagram, voltou a Paris após ter-se ausentado durante a última Semana da Moda por recomendação médica. E se em dezembro profetizou o fim do streetwear - que exaltou com a sua marca Off White - esta quinta-feira deixou claro que a sua nova obsessão são os fatos.
"A ideia popular do 'streetwear' precisa de se redefinir", afirma Abloh no comunicado sobre a nova coleção outono-inverno da marca de luxo Louis Vuitton. Isso passa por "uma evolução antropológica do fato e por reprogramar os códigos de vestir tradicionais", diz.
Assim, os jovens que desfilaram por um cenário azul-cerúleo com nuvens de algodão usavam camisas com gravatas finas, com um broche e cintos ao lado do corpo.
As malas acompanham praticamente cada look masculino, até mesmo nos fatos que parecem rasgados, ou nos conjuntos com estampado de céu que evocam as obras do surrealista René Magritte.
Couro, peles e folhos: Abloh afasta-se dos códigos do streetwear e abraça o trabalho artesanal ao espalhar pelo cenário utensílios gigantes como uma bobina de fio, tesoura e pincel.
No final do desfile, assistido pela modelo sensação Bella Hadid, o estilista afro-americano apareceu brevemente para cumprimentar a plateia usando óculos escuros.
O espetáculo musical de Miyake
O japonês Issey Miyake uniu-se à tendência de transformar o tradicional desfile num espectáculo. Não foram modelos profissionais de expressão neutra, mas sim músicos e acrobatas, que invadiram a passerelle e fizeram a apresentação por mais de 20 minutos com looks da marca.
Sob os característicos tubos azuis do teto do Centro Pompidou, as silhuetas de cores alegres moviam-se ao ritmo dos trompetes, contrabaixos e da bateria. A mensagem é clara: as peças de Miyake não são fáceis de usar apenas na passerelle, mas a sua fluidez e conforto transformam-nas em roupas para todas as ocasiões.
Músicos e acrobatas exibiram gabardines com estampados artísticos, além de casacos de modelagem geométrica e gorros a combinar. Quase todos usavam calças plissadas.
O público prestou atenção e aproveitou para observar os looks, em vez de se apressar para captar o máximo de detalhe nos poucos minutos que normalmente dura um desfile.
No final do desfile-espetáculo, os modelos, que se divertiram ao som de seu próprio ritmo, convidaram o público para dançar. Mas a maioria continuou sentada, surpreendida por essa proposta diferente.
Rick Owens: adeus ao volume?
Rick Owens, o estilista americano adepto das proporções desmesuradas, apostou numa inesperada coleção de looks ajustados.
O desfile abriu com um tipo de body de caxemira, que amplia no comprimento cobrindo uma perna e um braço e deixando todo o resto do corpo a descoberto.
O homem idealizado por Owens, com cabelo longo e liso, quer ser sexy, com looks ajustados e coberto com casacos de ombreiras pontiagudas, a imagem de marca da casa de moda.
A Semana da Moda masculina vai ter mais desfiles do que nunca, um total de 53, no momento em que o setor está em plena expansão. Segundo a Euromonitor International, a faturação da moda masculina aumentou 4,5% em 2019 em todo o mundo, um pouco mais que a feminina (+ 4,3%).
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