
“O nome influenciadora não existia”, refere Camila Coelho sobre o momento em que decidiu deixar o seu trabalho como maquilhadora da Dior para se aventurar no mundo do digital. Estávamos em 2010 quando a sua paixão por beleza falou mais alto e a levou à criação do seu canal de Youtube.
“Criei um formato de conteúdo que se conectava com as mulheres”, diz a influencer brasileira sobre os vídeos que publicava semanalmente online e onde ensinava seguidoras, de praticamente todas as idades, a maquilhar-se através dos seus tutoriais de beleza. O facto de ter começado com “um conteúdo de valor” – que lhe permitia ensinar algo a todos aqueles que a seguiam - fez com que criasse uma comunidade sólida em países como o Brasil e os Estados Unidos.
Com 15 anos de carreira, Camila Coelho refere que o desafio mais difícil enquanto influencer foi o de se manter sempre no topo. “Estou-me a reinventar o tempo inteiro”, afirma. Apesar de as críticas iniciais não terem sido fáceis de aceitar, a criadora de conteúdos digitais salienta que estas foram necessárias para o seu crescimento enquanto mulher e enquanto empresária. “Hoje adoro quando recebo críticas construtivas. Isso faz-me crescer.”
Apesar da grande comunidade de seguidores que criou ao longo dos anos – hoje já são mais de 10 milhões só no Instagram - , Camila Coelho sempre foi muito prudente antes de se aventurar no mundo empresarial. “Antes de criar um produto ou uma marca, eu criei uma comunidade. Poderia ter feito isso antes mas esperei 10 anos.” Questionada sobre o que motivou essa decisão, a resposta foi simples: medo. No entanto, a sua colaboração com a marca francesa Lancôme, em 2018, mostrou-lhe que estava preparada para lançar a sua própria marca. “O empreendedor não pode ter medo. Se tiver medo nunca vai fazer. É preciso acreditar”.

Em 2019 e 2020 nasceram, respetivamente, os dois projetos de vida de Camila Coelho: a linha de roupa Camila Coelho Collection e a coleção de maquilhagem Elaluz. Mas, como qualquer boa aluna, antes de se aventurar no mundo dos negócios fez o trabalho de casa e quis perceber quais as necessidades do seu público. “Entender a nossa comunidade é essencial para construir uma marca.”
E o que é que as empresas precisam de entender sobre como trabalhar com influenciadores? A pergunta é lançada por Rita Pereira, oradora desta sessão. “As marcas tem de perceber que cada influenciador vai dar um resultado diferente. Tem de haver uma clareza na estratégia e a marca tem de saber se quer vender um produto rapidamente, se quer contar uma história, se elevar o branding e, para cada um deles, existe uma influenciadora para isso”, explica. Camila Coelho afirma que, sob o risco de parecer pouco autêntica, recusou muitos trabalhos e parcerias porque não se identificava com a marca ou com briefing apresentado. “Saber dizer ‘não’ é um superpoder”.
Apesar dos momentos felizes, das viagens paradisíacas, dos looks de cortar a respiração que partilhava nas redes sociais, em 2019 passou por um dos momentos mais delicados da sua carreira: uma fase marcada por uma profunda infelicidade apesar da vida perfeita que ostentava ter. Isso levou-a a redefinir prioridades a nível profissional e adotar uma nova máxima para a sua vida. “Fazer menos e dizer mais 'nãos'”.
Consciente da “vida inatingível” que estava a projetar através das redes sociais, Camila Coelho começou a partilhar momentos mais vulneráveis com a sua comunidade, como é a sua batalha com a epilepsia, e a apostar em conteúdos que a ajudassem a conectar-se com os seguidores de uma forma diferente. Exemplo disso são os segmentos Unfiltered e The Closet Crasher. “Ser uma influenciadora é colocar conteúdos que vão levar as pessoas para cima e impactar de uma forma positiva. Se o meu conteúdo tem esse efeito nas pessoas, eu estou feliz”, conclui.
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