A Chanel, marca da qual foi diretor artístico durante 36 anos, confirmou à AFP informações do site Purepeople, que anunciou o seu falecimento no Hospital Americano de Neuilly, nos subúrbios de Paris, onde foi internado de emergência na noite de segunda-feira.

Em frente ao número 31 da rua Cambon, onde Chanel abriu a sua loja nos anos 1920, os admiradores, muitos deles jovens, levaram rosas brancas para homenagear o seu lendário herdeiro.

Rosas brancas para a
Rosas brancas para a

"Era uma lenda, um mastodonte, salvou a Chanel, reinventou a marca", afirma Mathieu Cipriani-Rivière, de 20 anos, ex-estudante de moda.

Virginie Viard, diretora do estúdio de design de moda da Chanel e braço direito de Karl Lagerfeld, com quem colaborou durante mais de 30 anos, assumirá a direção criativa, informou a maison num comunicado.

A sua musa de longa data, Inès de La Fressange, uma das primeiras top models, disse à AFP que ele "nunca descansou sobre os seus louros, nunca fazia a mesma coisa duas vezes".

"Eu vi-o desenhar cercado de 15 pessoas. Era o oposto do grande costureiro que tinha que sofrer para criar. Ele não fazia nada além de trabalhar, mas recusava-se a fazer com que parecesse trabalho", acrescentou.

"Hoje o mundo perdeu um génio criativo. Sentiremos a sua falta, Karl! #QEPDKarl Lagerfeld", tuitou a primeira-dama americana, a ex-modelo eslovena Melania Trump, junto com uma foto na que aparece ao lado do estilista, usando uma de suas criações.

O presidente do grupo LVMH, Bernard Arnault, disse estar "profundamente entristecido com a morte do seu querido amigo".

"A moda e a cultura perdem uma grande inspiração. Ele ajudou a fazer de Paris a capital da moda do mundo e da Fendi uma das casas italianas mais inovadoras", afirmou o diretor do grupo que possui a marca italiana, da qual Lagerfeld também era o diretor artístico.

Alain Wertheimer, coproprietário da Chanel, prestou homenagem ao "génio artístico de Karl Lagerfeld, a sua generosidade e a sua intuição excepcional", a quem "deu carta branca no início dos anos 1980 para reinventar a marca".

"O teu génio tocou a vida de muitas pessoas, especialmente Gianni e eu. Nunca esqueceremos o teu incrível talento e a inspiração infinita, sempre aprendemos contigo", escreveu Donatella Versace, no Instagram.

Serge Brunschwig, presidente e diretor executivo da Fendi (grupo LVMH), revelou que admira "profundamente a imensa cultura de Karl (...). Deixa-nos um enorme legado, uma fonte de inspiração inesgotável para continuar".

"Hoje o mundo perdeu um gigante. Karl era muito mais que nosso maior e mais prolífico estilista, o seu génio criativo era assombroso", afirmou Anna Wintour, chefe de redação da revista Vogue.

Lagerfeld viu a sua saúde deteriorar-se consideravelmente nas últimas semanas, a ponto de não aparecer no final da apresentação da coleção primavera/verão 2019 para saudar o público, algo que ele nunca deixou de fazer desde a sua estreia na Chanel, em janeiro de 1983.

Com os seus cabelos brancos sempre presos num rabo de cavalo, os eternos óculos escuros, os colarinhos altos, as luvas e a forma típica de falar, o "Kaiser" tinha um estilo reconhecido no mundo inteiro.

Dirigia três marcas (Chanel, Fendi e a sua marca homónima), mas o seu nome estará para sempre ligado à Chanel, cujos códigos mudou constantemente, reinventando clássicos como os fatos de tweed e as malas acolchoadas.

Gabrielle Chanel "teria odiado", afirmou o "Kaiser" ("imperador" em alemão), conhecido pelas suas declarações provocadoras que eram um misto de narcisismo e autodepreciação.

Sempre em sintonia com os novos tempos, organizou desfiles com encenações surpreendentes e espetaculares, em supermercados, galerias de arte ou ao ar livre, fazendo a festa nas redes sociais.

A Chanel transformou o Grand Palais numa praia artificial, em 2018.