"O prefixo trans é parte de palavras como transformar, transladar, transmitir, transferir, transbordar, transparecer, transplante, transvia, transporte, e muitas outras onde está implícita a ideia de mudança", lê-se no site da Moda Lisboa.

"Trans – forma" retrata a vontade constante que o ser humano tem de mudança, sobretudo da sua aparência física, recorrendo, por exemplo, a diferentes cortes e cores de cabelo, maquilhagens que redesenham o rosto ou roupas que alteram a silhueta, evidenciando ou escondendo a forma física. "Estas transformações são transversais, seja por uma questão de moda, ou por mero descontentamento com o próprio corpo, levando, in extremis, a mudanças mais definitivas através de cirurgias plásticas", indica.

"Se recuarmos na história da moda, percebemos que esta vontade de transformar o corpo não é atual. Encontramos peças de roupa íntima, estruturadas ou acolchoadas, que Dino Alves considera uma espécie de próteses: colocados debaixo das peças de roupa, vários tipos de espartilhos afinavam a cintura, fazendo salientar as ancas; as anquinhas ou tournures, que as aumentavam ainda mais; as crinolinas e outro tipo de enchimentos que, por uma razão ou outra, alteravam a silhueta física, sobretudo das mulheres. O designer recria, assim, esses acessórios de interior, usados no século XIX, trazendo-os para fora e assumindo-os como parte das próprias saias, vestidos e calças. A partir deles, cria outros elementos e desenvolve novas formas, criando silhuetas ora surreais, ora bizarras, mas sempre com a preocupação de uma nova elegância", acrescenta.

Para o outono/inverno 2023, Dino Alves apresenta uma modelagem que altera a silhueta natural do corpo e constrói elementos que transmitem a ideia de transformação: de tecidos, de peças. Recorre a drapeados e a lógica das crinolinas é aplicada noutras partes de peças de roupa. Lãs, malhas, tule, ganga, sarjas, algodão orgânico, popelinas, vinil, georgette, organza, viscose e acolchoados surgem em preto, nude, branco, azuis, amarelo, rosa, salmão pálido e lilás.

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A 60.ª ModaLisboa terminou no domingo. Na sexta-feira, Sangue Novo, Olga Noronha, Arndes, Salsa Jeans, Filipe Augusto e Valentim Quaresma apresentaram as suas coleções.

No sábado foi a vez das apresentações de Constança Entrudo, de sete jovens designers formados pelo Istituto Europeu de Design (Nicolò Artibani, Lorenzo Attanasio, Alessandro Bonini, Gaia Ceglie, Luca De Prà, Giovanni Marchetti e Maria Eleonora Pignata), assim como de Luís Buchinho, Mustique, Kolovrat, Buzina, Luís Carvalho, Béhen e Gonçalo Peixoto.

No domingo foram apresentadas as coleções de João Magalhães, Duarte, Hibu, Carlos Gil, Nuno Gama, Nuno Baltazar, Dino Alves e Cal Me Gorgeous by Luís Borges.

Embora as apresentações das coleções sejam acessíveis apenas por convite, houve uma programação paralela acessível ao público em geral, que inclui exposições e um ‘lounge’, onde estão presentes várias marcas e há ‘roullotes’ de venda de comida.