"Estamos contentes com o nível de vendas (alcançado) desde o lançamento desta propaganda, tanto nos meios tradicionais tradicionais como no Gillette Shave club", a plataforma de venta online, declarou Jon Moeller, diretor financeiro da empresa numa conferência telefónica com jornalistas sobre os resultados trimestrais da Procter & Gamble, detentora da marca.

Com uma série de imagens de assédio e brutalidade, o anúncio não mostra nenhuma lâmina de barbear, mas convida os homens a questionarem-se e a mudar de comportamento para acabar com a cultura de "masculinidade tóxica". O slogan usado pela marca há 30 anos ("O melhor para o homem") foi transformado em "Isto é o melhor que um homem pode ser?".

O anúncio, que dura quase dois minutos, gerou uma série de elogios no YouTube e nas redes sociais, que viram na propaganda um exemplo de comunicação "corajosa".

Mas, assim como o próprio movimento #MeToo, que há 15 meses alimenta a polarização do debate político americano, a mensagem foi desprezada por muitos homens, que se sentiram insultados ao ponto de condenar a marca para sempre.

No YouTube, o vídeo tinha mais de 25,3 milhões de visualizações esta quarta-feira e tinha recebido 696.000 "gosto" e 1,2 milhões de "não gosto", uma proporção particularmente má.

"Temos recebido uma cobertura mediática e um investimento dos consumidores sem precedentes", declarou na terça-feira Moeller. "Isto faz parte dos nossos esforços para chegar de forma mais eficaz aos jovens consumidores". "Os primeiros números mostra que alcançamos o objetivo", acrescentou.

Há alguns anos que a Gillette tem que dividir o mercado com algumas marcas adotadas pelos "millenials" (entre os 17-35 anos) como a Dollar Shave Club (Unilever), o que gerou uma queda de 9% dos seus lucros, o que se traduz em 1,620 mil milhões de dólares a menos de vendas no último trimestre de 2018.

Moeller também indicou que, depois do anúncio, tinham mantido as vendas aos distribuidores clássicos apesar do boicote, e que as vendas online "continuaram a crescer".