O terceiro e último dia de desfiles da 53ª edição da ModaLisboa teve como destaques principais as coleções de Luís Carvalho e Gonçalo Peixoto.
Luís Carvalho foi o último designer a pisar a passerelle para mostrar as suas propostas para a primavera/verão 2020. Com referência na art déco e na silhueta dos anos 20 Luís destacou a emancipação da mulher que surgiu nessa década, e remeteu-nos a uma fusão do lado mais feminino e delicado com o lado masculino, onde o fato de homem é reinterpretado para ambos os sexos e os materiais são trabalhados de formas mais inesperadas. Uma coleção sublime, fechada com chave de ouro com a voz da fadista Ana Moura.
Gonçalo Peixoto estreou a passerelle deste último dia por volta das 18h, ainda na plataforma LAB, mas a mostrar que já merece salto direto para a passerelle principal. ‘Embrace for impact’ foi o nome dado a coleção que de facto impactou o público. Inspirado na história de um novo safari e nos padrões clássicos reinterpretados, pudemos observar silhuetas inesperadas e cores vibrantes. A fusão entre as peças clássicas e desportivas provou que a sensualidade da mulher está nos pequenos detalhes e, por vezes, nos menos óbvios.
O dia foi marcado pelas ovações do público no final destes dois desfiles, mas começou bastante cedo, por volta das 14h com pontapé de saída de Olga Noronha, na Rua das Amoreiras, com uma exposição de obras escultóricas que reconfiguram e re-imaginam o corpo humano.
Às 15h seguiu-se Carolina Machado, na plataforma LAB de desfiles. Com o nome ‘Dolce Vita’ a inspiração para esta coleção surge de uma viagem feita à ilha de Capri, na baía de Nápoles, em Itália. Desde as ruas estreitas e brancas, alinhadas com a arquitetura toscana, coberta de flores trepadeiras roxas e rosa até ao mar azul-turquesa, pontilhado de iates e veleiros. Esta coleção capta a brisa quente do verão italiano, brincando com várias texturas de tecido amarrotado, aspeto molhado e brilhante, apontamentos de prints tie-dye, tipicamente usados nos páreos de praia, num esquema de cores pastel.
Constança Entrudo foi a designer seguinte a apresentar coleção e trouxe-nos a sua perspetiva de ‘tudo o que é sólido desmancha no ar’. Este foi o nome escolhido para explicar a coleção que nos levou a uma nova dimensão, onde os conceitos de tempo e espaço se perderam pelo caminho e deram lugar a prints de formas geométricas feitas de alumínio que se desmancham nas suas tecelagens desconstruídas.
Às 17h e ainda na plataforma LAB a marca Duarte trouxe-nos ‘Atacama’, inspirado no deserto de Atacama, no Chile, que é um dos lugares mais áridos do mundo. Inspirada pelas paisagens pictóricas deste deserto, esta coleção transforma-se na perfeita aventura para qualquer estação do ano. Entre linhos, algodões frescos, malhas e peles quentes, estaremos prontos enfrentar diversas temperaturas: desde 40º a -20º graus Celsius.
Kolovrat inaugurou a passerelle principal às 19h com uma coleção onde todos tiveram lugar: de mais novos a mais velhos, foram vários os manequins que pisaram a passerelle com propostas da designer. Nesta coleção Kolovrat desafia-nos a pensar nas ações, confrontando-nos com o resultado da nossa existência, numa coleção que atua como um grito de interconectividade. Aos elementos de destruição contrapõe-se a beleza do processo de construção. Peça a peça, somos guiados à reciclagem visual que a inspira, transformando aquilo que ontem tínhamos como descartável em manifestos de esperança para o amanhã.
Numa parceria com o Portugal Fashion Carlos Gil volta a estar presente nas passerelles da ModaLisboa com a coleção ‘Ideal Nature’. Numa visão consciente da situação ambiental, Carlos Gil apresentou uma coleção para uma mulher determinada e com voz: uma mulher de causas. No seu imaginário, constrói uma visão da Natureza, através de padrões que sugerem telas de quadros, com detalhes florais, formas orgânicas e explosões de cores com pinceladas. O designer constitui uma simbologia que define a feminilidade através de elementos da Natureza que representam a sua delicadeza, sensibilidade e beleza, com detalhes modernos e irreverentes.
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