Espera-se que um grande número de modelos, fotógrafos e convidados descubram as últimas criações da Gucci (grupo Kering), Fendi (grupo LVMH) e Giorgio Armani, assim como as primeiras propostas da marca de carros de luxo Ferrari.
Pela primeira vez desde a chegada da covid-19 a Itália, em fevereiro de 2020, os desfiles presenciais serão mais numerosos do que os terão lugar através de gravações ou streaming.
Regressam assim os desfiles tradicionais, com meios extravagantes, que costumavam atrair um público repleto de bloggers e influenciadores e onde prevalecia o poder da presença.
Milão deposita todas as suas esperanças no regresso de centenas de compradores, jornalistas e personalidades da moda aos eventos organizados nos quatro cantos da capital da Lombardia.
Um espaço futurista, similar a um búnquer, foi o cenário escolhido pela Fendi para o seu regresso, com todas as características de um desfile de moda usual: abundantes beijos no ar (com ou sem máscara), convidados a equilibram-se em saltos que desafiam a gravidade, muitas selfies e homens a usar saias.
A modelo Bella Hadid abriu o espetáculo com um confortável casaco de lã com folhos combinado com um vestido transparente, quase uma lingerie, com costuras de franjas pela altura do joelho.
A transparência predominou, inclusive nas calças em tons de damasco e menta.
A coleção desenhada por Kim Jones para a Fendi tem como objetivo comunicar a "sensação de leveza", explicou a casa italiana na sua apresentação à imprensa.
Um novo impulso
O presidente da Câmara Italiana de Moda (CNMI), Carlo Capasa, reconheceu, no entanto, na semana passada, que a "incerteza" ainda pesa muito no setor.
Os 58 desfiles presenciais refletem “um forte sinal de otimismo e positividade, que dá um novo impulso ao setor”, declarou numa conferência de imprensa.
Todos os olhos também estarão voltados para a Gucci, a emblemática marca da moda italiana, que regressa após uma ausência de dois anos.
Em novembro, o seu estilista, Alessandro Michele, despertou muita curiosidade com a sua "Gucci Love Parade", organizada em Hollywood.
A pandemia também levou ao encerramento de uma considerável parcela de fábricas, queda nas vendas e também uma mudança na forma como as pessoas se vestem, razão pela qual a moda quer recuperar a fatia de mercado que desfrutava antes da covid-19.
“Após quase dois anos de disrupção, a indústria global da moda está a recuperar o seu equilíbrio”, explicou a consultoria McKinsey num relatório publicado em dezembro.
Moda Ferrari
Estima-se que a moda italiana e os seus subcontratados tenham gerado uma faturação de cerca de 83 mil milhões de euros em 2021, um aumento de 20,9% num ano, segundo a CNMI.
Um valor que, porém, ainda é 7,8% inferior ao de 2019. As exportações aumentaram 16,4% nos primeiros dez meses de 2021, impulsionadas principalmente pelo aumento de 50% nas vendas na China e 31,8% nos Estados Unidos.
Em janeiro, a nova onda de casos de covid-19 devido à variante Ómicron afetou a semana da moda masculina em Milão, e a preocupação continua a assombrar a temporada de desfiles que começou este mês em Nova Iorque e termina a 8 de março em Paris, com certames em Londres e Milão.
Em Nova Iorque, Tom Ford teve que cancelar o seu desfile, pois não conseguiu terminar a coleção por causa das infecções provocadas pela variante Ómicron entre a sua equipa de estilistas nos Estados Unidos e pessoal nas fábricas em Itália.
A Ferrari, conhecida em todo o mundo pela sua equipa de Fórmula 1, fará a sua estreia em Milão no próximo domingo, oito meses depois do seu estilista, Rocco Iannone, apresentar a sua primeira coleção em Maranello, sede da lendária fábrica de automóveis da empresa.
Esta quarta-feira, a gigante italiana dos jeans Diesel desfilou em Milão a sua segunda coleção assinada pelo designer belga Glenn Martens, que continua como diretor artístico da Y/Projects, uma linha experimental. No mês passado, apresentou uma coleção de alta costura com silhuetas com espartilhos como estilista convidado de Jean Paul Gaultier.
Outro momento muito aguardado da semana de moda milanesa é a estreia do estilista francês Matthieu Blazy com a Bottega Veneta (grupo Kering), após a repentina saída do britânico Daniel Lee em novembro.
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