
Para começar (e porque o público mais jovem pode não conhecer), qual é a origem do nome/história da marca? Porquê Benamôr?
Na sua origem, Benamôr era o nome de uma família Lisboeta e da sua perfumaria luxuosa, localizada no número 200 da Rua Augusta na baixa de Lisboa, no início do século XX.
Em 1925, data da fundação da marca, três apotecários talentosos formularam o famoso "Créme de Rosto", criando várias séries de produtos e desenvolvendo a história particular desta farmácia/perfumaria onde se inicia a singular e maravilhosa aventura centenária da marca.
E quais são, na sua opinião, os eventos e inovações que moldaram a trajetória da empresa?
O evento fundador é sem dúvida a formulação do Créme de Rosto em 1925 – faz um século de existência- usado por mais de quatro gerações de consumidoras fiéis, além das mais jovens que cada dia descobrem este ícone da beleza portuguesa.
A primeira fábrica foi estabelecida no Campo Grande, em Lisboa, a partir de 1926. De facto, o sucesso da longevidade da Benamôr está por uma grande parte ligado à sua capacidade de desenvolver produtos cosméticos inovadores, que atraem e fidelizam consumidores exigentes: o primeiro Pó de Arroz em 1930, as Águas de Colónia em 1932, o primeiro protetor solar em 1939, o famoso creme de mãos Alantoíne em 1970.
Este ponto de extraordinária capacidade criativa, e dinâmica, e o de ser uma marca intemporal com receitas de beleza botânicas de grande qualidade, marca um antes e depois na história da beleza e bem-estar em Portugal.

Podemos dizer que sempre esteve à frente do seu tempo, quer devido às fórmulas que perduram até aos nossos dias, como ao seu compromisso com o ambiente e com o panorama artístico e cultural do país. Apesar do sucesso, acreditamos que o caminho nem sempre tenha sido fácil, especialmente por causa desta visão vanguardista. Quais é que consideram ter sido os principais desafios ao longo do tempo e como os conseguiram ultrapassar?
O primeiro desafio é ligado à absoluta necessidade de uma inovação permanente, exigido pelo mercado da beleza. A Benamôr sempre conseguiu criar receitas de beleza e fórmulas muito competitivas e extraordinariamente eficazes graças ao talento e à pesquisa do seu laboratório (R&D), já desde a sua fundação em 1925. Em segundo lugar, a obsessão pela qualidade dos produtos: ter desde o início a sua própria fábrica, formar constantemente uma mão de obra altamente qualificada, a transmissão dos segredos das nossa receitas de beleza e do "savoir-faire" de produtos fabricados à mão desde 1925, foi e continua a ser determinante. Finalmente, um dos códigos da marca é o de ser intemporal, ao criar produtos esteticamente muito atrativos em termos de design, e originais em termos de apresentação (a nossa famosa bisnaga de alumínio), onde a ligação permanente da marca com o universo artístico português é uma fonte de inspiração inesgotável.
Ainda neste contexto recordamo-nos que foi das primeiras marcas a colaborar com grandes estrelas do cinema como Beatriz Costa. Como é que este tipo de colaboração influenciou a perceção pública sobre a marca?
Esta aparição da Benamôr no “O Pai Tirano”, património do cinema português do século XX, é sem dúvida um exemplo da colaboração intrínseca da marca com o universo artístico do país, e uma ligação direta com os seus artistas, o que ajudou imenso na construção da notoriedade da marca em Portugal.
Muitos foram os artistas que ajudaram a marca em termos de comunicação institucional e publicitária, porque se tornaram também clientes frequentes, e entusiasmados, com todas as novidades da Benamôr ao longo dos últimos 100 anos.

Trabalhar com figuras públicas continua a fazer parte da vossa estratégia? Se sim, com quem têm colaborado e porquê?
Nestes últimos anos, temos continuado este trabalho de colaborações artísticas, com jovens artistas em projetos nacionais e internacionais de escala, que nos continuam a inspirar e estimular em termos de criatividade.
O estímulo de uma nova geração de artistas nas áreas das artes plásticas e ilustração, design e arquitetura, cerâmica, cinema, documentário e até na área gourmet, continua a ser uma prioridade absoluta.
O "Creme de Rosto Milagroso" é atualmente o vosso best-seller. Qual é o motivo do seu sucesso?
É verdade, o Creme de Rosto é um best-seller e também um caso único de longevidade – faz um século de existência- usado por mais de quatro gerações de consumidores fiéis, além dos mais jovens que cada dia descobrem este ícone absoluto da beleza portuguesa.
Esta longevidade única na história do mercado da beleza está tanto ligada à sua textura inimitável e à sua fórmula natural com capacidade de hidratação regenerativa otimizada, como à sua apresentação diferenciada em bisnaga, com os códigos art déco da origem da Benamôr.

E o que difere entre o Creme de Rosto Milagroso de 2025 e o primeiro creme de rosto da Benamôr, criado em 1925?
O Creme de Rosto de 2025 é fiel à suas origens, em termos de estrutura de fórmula, funcionalidade, perfume e benefícios para a pele. Mas um centenário de evolução na cosmética tem com certeza um efeito de desenvolvimento científico, o que nos fez evoluir em alguns ingredientes em função das mudanças da legislação ou da evolução das tendências, otimizando ao máximo a sua fórmula e componentes naturais.
Este Creme de Rosto deu origem a uma gama de produtos. Quais são e para que servem?
A linha de Rosto desenvolveu um conjunto de produtos complementares como um Leite Desmaquilhante, uma Água Micelar, um extraordinário Elixir, uma máscara e um Creme Chantilly (algo profundamente singular e original que revela também o lado irreverente e singular da nossa capacidade criativa e produtiva).

E em relação às fragâncias? Qual é a mais icónica?
Como todas os receitas de beleza Benamôr, as nossas fragrâncias são inspiradas pela botânica portuguesa. O nosso país tem uma grande tradição de colónias e a nossa “Vervena Vera” é um Best-Seller absoluto. Temos também em lançamento algo muito especial, a nova fragrância de Jacarandá, que é uma das nossas linhas icónicas. Chegará às lojas em maio.
A Benamôr é uma marca para todas as idades?
Sem qualquer dúvida. Prova deste princípio e promessa é a sua longevidade: a Benamôr é a marca que acompanha os seus consumidores durante a vida toda. Um produto para cada momento. Lado a lado, sempre. O perfil dos nossos clientes é também muito abrangente em termos de idade. Mas o desafio de uma marca centenária é sempre a renovação e a fidelização de novos consumidores, cada vez mais exigentes.
Como é que conseguem manter o equilíbrio entre a tradição e a inovação?
É provavelmente o desafio mais difícil para uma marca histórica, porque precisamente não existem receitas seguras, mas intuições. Porém, a intemporalidade, o respeito pelo nosso passado, e também a obsessão pela exigência das nossas clientes foram e ainda são as nossas maiores "bússolas" e guias para chegar ao centenário, e criar as fundações do próximo.
Quais são os valores que consideram ser os vossos alicerces e que não podem mudar?
Benamôr é a união do "bem" (como bem-estar) e da palavra amor. Os nossos valores de sempre são a autenticidade, a naturalidade, a sinceridade, a generosidade, a proximidade a empatia, e uma forma de irreverência criativa. Nutrida por estes valores, a Benamôr evoluiu ao longo do século XX, criando um modelo de beleza que transcende gerações - alegre e provocador, poético e comovente, generoso e sincero, que faz da marca uma "love-brand" única.

Consideram esta combinação entre a preservação dos vossos valores com a inovação como o principal factor para a longevidade e relevância da Benamôr no mercado?
O principal não sei, mas é verdade que este equilíbrio subtil entre valores inalienáveis e uma constante inovação foi e sempre será determinante.
Atualmente, contam com 10 lojas no território nacional. Estão previstas mais aberturas este ano? E a nível internacional?
Com 10 lojas próprias em Portugal e uma presença muito visível nos nossos aeroportos (Lisboa e Porto), a Benamôr tem uma visibilidade otimizada. Em termos internacionais, a marca cresceu de uma forma absolutamente extraordinária (estamos até presentes no Bloomingdale's ou no Pop Up do MOMA Store) em dezenas de mercados.
Em que medida é que esta aposta em lojas físicas ajuda a marca a posicionar-se no mercado?
Os códigos da marca Benamôr são únicos, e assim era bastante legítimo desenvolver um conceito de retalho consistente com a expressão da marca, sempre inspirado nas nossas receitas de beleza baseadas na botânica portuguesa. Para nós, exprimir os códigos e os valores num conceito de retalho era uma evidência óbvia e estratégica para ganhar em termos de visibilidade e em notoriedade de mercado.
A experiência do consumidor nas lojas é uma preocupação? O que procuram transmitir aos clientes?
A experiência do consumidor nas lojas Benamôr é a "mãe" de todas as nossas reflexões; cada loja é única e diferente, o espelho do seu bairro, o espírito de um edifício, uma expressão de uma gama de produtos ou de algo específico da botânica portuguesa.
O objetivo é por um lado levar os nossos clientes para uma viagem singular e a uma experiência onírica inspirada pela botânica portuguesa, e à descoberta do melhor da cosmética do nosso país.
O melhor exemplo deste princípio e filosofia é o das nossas últimas lojas inspiradas no “Jacarandá” (Aeroporto do Porto, Shopping do Vasco da Gama em Lisboa), esta árvore maravilhosa e emblemática de Lisboa e de Portugal, que cobre as cidades com as suas flores lilases durante a primavera, e que inspirou a gama best-seller da Benamôr.

Quais é que acreditam que vão ser os maiores desafios para a Benamôr nos próximos anos?
A internacionalização de uma marca independente de cosmética, e por natureza com notoriedade internacional ainda limitada em termos de escala comparativa com grandes holdings, é sempre um desafio.
Apesar de já ser distribuída em mais de 40 países, a Benamôr não foge a esta realidade. Mas a progressão da nossa rede de retalho próprio deve-nos permitir levar progressivamente a marca à volta ao mundo.
Quais são as tendências do mercado de cosmética a que vão estar mais atentos e que vão querer acompanhar?
Continuamos com o nosso compromisso íntegro com a sustentabilidade (já revolucionário em 1925 com as bisnagas de alumínio), e com uma política crescente de re-fill em Lojas. E continuamos com uma "obsessão" por encontrar componentes naturais que possam refletir a botânica portuguesa, local e regional, com a aposta em fórmulas em que estes componentes têm um enorme destaque (como nas recentes linhas Laranjinha e Alecrim).
Podemos contar com alguma edição limitada ou colaboração especial?
As primeiras edições limitadas foram lançadas já no último Natal como um preview do Centenário, com as gamas Laranjinha e Alecrim, com um packaging inspirado no design do Centenário e da origem do logotipo Benamôr.
Durante as próximas semanas e meses do ano lançaremos outras iniciativas (como a linha de fragrância de Jacarandá) e uma colaboração exclusiva com uma artista portuguesa internacional que será uma grande surpresa.
O nosso foco é também o de aprofundar colaborações em várias frentes/tipologias com a comunidade criativa do país.
Reforçamos também o lançamento do ano com o Novo Rosto, icónico em absoluto, e que estará em destaque de forma transversal durante todo o ano com inúmeras iniciativas e colaborações.

Qual é a melhor forma dos consumidores acompanharem as vossas novidades e ações promocionais relacionadas com a celebração do centenário?
Visitar com regularidade as nossas lojas e seguir o nosso Instagram. Fazer parte da nossa comunidade, que cresce de forma orgânica, e de forma pessoal, presente, profundamente emocional. Sempre.
No fundo, ser fiel ao nosso lema: Há 100 anos a escrever a palavra amor.
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