
A expansão da Hermès e a aposta no segmento de acessórios
Fundada por Thierry Hermès, a marca francesa Hermès abriu portas em 1837 e estabeleceu-se como especialista no fabrico de artigos hípicos para a elite parisiense. Mas como é que uma empresa que começou por comercializar arreios, selas e freios para cavalo passa a vender malas e acessórios de luxo?
O início do século XX foi determinante para marca que, após diversas sucessões familiares, é assumida por Émile-Maurice Hermès. Foi graças ao empresário e neto do fundador que se dá início à expansão do negócio e na aposta da criação de uma linha de acessórios.
De acordo com o site especializado em malas de luxo Bag Hunter, a primeira mala para mulher com a assinatura da marca francesa foi criada em 1922 e a partir de uma necessidade específica: por a mulher de Émile não encontrar nenhuma do seu agrado. É em 1930 que a Hermès lança a mala que, futuramente, se viria a tornar num dos seus modelos mais icónicos: o Sac à dépêches.
“Nada extravagante, apenas uma mala simples e funcional direcionada para mulheres independentes e energéticas”, refere o site oficial da marca francesa sobre o modelo que só recebe o nome Kelly, e pelo qual é reconhecido atualmente a nível mundial, décadas mais tarde.
O “nascimento” da Kelly que se torna num fenómeno de popularidade
Então mas quando é que o famoso modelo foi rebatizado? Isto só aconteceu praticamente passados 20 anos do seu lançamento. De acordo com a leiloeira Christie’s, a famosa mala da marca francesa chegou até Grace Kelly pelas mãos da figurinista Edith Head, com quem a atriz trabalhou durante a rodagem do filme To Catch a Thief, de Alfred Hitchock (1955).
Após abdicar de uma carreira cinematográfica por amor, em 1956 Grace Kelly casa-se com o príncipe Rainier do Mónaco, com quem viria a ter três filhos: Carolina, Alberto e Stephanie. O mais curioso é uma das suas gravidezes estar diretamente relacionada com a popularidade da mala Hermès. Como? Porque foi usada para esconder a sua gravidez dos paparazzi. Na época a imagem foi disseminada mundialmente, sendo inclusive capa da revista norte-americana ‘Life’.
“Num dos primeiros instantes do marketing viral, milhares de pessoas foram até à Hermès perguntar por aquela mala e nós batizamos a mala em sua honra: a mala Kelly”, revelou uma das especialistas em malas e acessórios da marca, Rachel Koffsky, à Christie’s em 2018. O modelo foi rebatizado oficialmente como Kelly em 1977.
Os modelos Kelly mais caros e o restrito acesso
O modelo Kelly é produzido em vários tamanhos, que podem ir desde os 15 aos 40 cm, e está disponíveis em diversos tipos de pele e cores. Mas será que é fácil pôr as mãos naquela que é considerada uma das it bags da marca francesa? Em 2016 o jornal Daily Mail resolveu investigar e o veredicto já era expectável para quem quer comprar uma mala da marca: uma tarefa praticamente impossível. Tendo em conta que as listas de espera desapareceram, que as lojas não têm lista de stock e não comunicam entre si, o conselho é ir passando diariamente e tentar a sua sorte. Isto porque nem as lojas Hermès sabem quais são modelos que vão receber de Paris.
“A mulher normal não pode entrar na Hermès e comprar uma. Tem de ter uma relação de longa data com um dos seus assistentes de vendas”, explica o especialista em casa de leilões Max Brownawell.
De todos os modelos comercializados pela marca, talvez o mais famoso e o mais caro seja o Himalaya: produzido com pele de crocodilo do Nilo que depois é tingida de forma manual. O resultado? “O cinzento esfumado funde-se com um branco perolado, lembrando os majestosos Himalaias cobertos de neve”, revela a leiloeira Christie’s sobre o modelo que, juntamente com a versão Birkin Himalaya, está entre os mais caros de sempre.
A versão Kelly Himalaya, que para a leiloeira “tem a fama de ser a mala mais rara do mundo”, não pode ser encontrada em lojas. E para quem quer adicionar este modelo à sua coleção, não terá a tarefa facilitada. O modelo é fabricado por encomenda apenas para clientes especiais e em números limitados.
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