As tendências outono/inverno 2015/16 já chegaram a todas as montras. Do revivalismo dos anos da década de 1960, com o regresso do Mod, ao vintage moderno, que surge como uma nova tendência que nos impele a reciclar e a criar uma identificação própria, este é também o ano em que os tecidos de decoração ricos e opulentos não se deixam ficar pelo decor da casa e vestem o corpo. Os anos da década de 1970 não passaram à história, embora tenha caído o lado proletário. Mostram agora a sua faceta boémia, mais bon chic bon genre.

As cores néon da Pop Art, uma faceta dos sixties, a demonstrar que o inverno não tem de ser uma estação triste nem fria, mais ainda se aceitarmos a sugestão dos criadores em que os casacos de carneiro nos vão envolver com todo o seu calor, também regressam em força. Quentes e elegantes são os tweeds, outra tendência, que comprovam que a tradição já não é o que era, dadas as possibilidades de os combinar de mil e uma maneiras e nas cores do arco-íris.

E, por fim, mas não menos importante, o estilo vitoriano em duas vertentes, o anjo bom e o anjo mau, com o romântico branco e a melancolia do preto. A nova estação tem cortes e cores para encaixar em qualquer espírito e momento. Prepare-se, pois, para dar a volta ao outono/inverno e nunca se esqueça que, como diz o ditado, quem tem capa, outra das tendências, sempre escapa ao frio. Estas são as principais correntes em voga:

- Cores pop dos anos da década de 1960

Os anos da década de 1960 são uma tendência generalizada, dos cortes da roupa às cores. Não seria justo deixar de fora as cores néon usadas pelos artistas do movimento Pop Art. A roupa adquire cortes minimalistas para chamar a atenção para as cores e padrões, como se fosse um quadro numa parede branca. Use-a em vestidos curtos com botas cuissard justas, vestidos 7/8 combinados com botins ou, simplesmente, camisolas psicadélicas.

- Modern vintage sem regras

É a tendência mais intrincada, uma espécie de geek intelectual, composta por peças do baú da avó, combinadas (ou não), com peças atuais. É um exercício proposto pelos criadores para que as mulheres criem os seus próprios visuais e tenham a oportunidade de usar as peças que têm guardadas das últimas décadas.

No que se refere às escolhas e à elaboração de coordenados, o bom senso é vital para que esta tendência resulte. Não use peças muito datadas e o que puder adaptar de outras décadas deve parecer relativamente novo e de boa qualidade como as blusas de laçada com pullovers sem mangas e os jeans. Não há regras definidas.

- O vitoriano e a renda bordada

Há aqui um pouco de vestido de noiva, vestido de noite e de rainha do século XIX. O vitoriano aparece em duas vertentes. Surge em preto, com renda preta delicadamente bordada, como se viu em Alberta Ferretti, com algum glamour gótico das saias limpa-pó ou mais curtas (Saint Laurent). Mas apresenta-se também em branco etéreo, romântico e diáfano, como no desfile de Alexander McQueen.

Existem, assim, propostas para todos os gostos. Acha muito pesado? Pode escolher vestidos curtos ou simplesmente uma blusa de gola alta em renda combinada com calças de ganga e botins. Para ver propostas desta tendência que já encontra nas lojas, clique aqui.

Veja na página seguinte: O conforto dos casacos de carneiro e o charme do tweed

- O conforto sem limites dos casacos de carneiro

Estes agasalhos prometem tornar o inverno mais quente e confortável. Não sendo uma tendência nova, uma vez que já os vimos no inverno passado, trazem novas abordagens e comprimentos, pela anca, a 3/4 e 7/8. Os casacos de carneiro são um must-have esta estação. A pele ao natural e com detalhes de pelo dá volume a silhuetas longilíneas e justas. Este é o agasalho perfeito para blusas de gravata ou laçada, vestidos curtos ou compridos e saias amplas. Para ver algumas das novidades desta tendência, clique aqui.

- O tecido rústico que é o tweed

Um material com tradição secular e reinventado para o outono-inverno, com possibilidades infinitas na combinação de cores, dos pastéis cor de rosa e azul bebé, às cores néon de Prada e Miu Miu, em cortes dos anos da década de 1960. O mesmo se passou em Erdem ou em Chanel. Apesar do tweed ser um tecido rústico, há pouca rusticidade nesta tendência que propõe uma elegância extrema até nos cortes.

Nos desfiles de Erdem e de Chanel, desfilaram os robe-manteau, que têm tido uma presença recatada nos últimos anos. As saias plissadas, o tradicional tailleur de saia e casaco pelo joelho são as possibilidades de coordenação dadas pelos criadores. Para ver algumas das peças neste material que integram as coleções das principais marcas, clique aqui.

- Capas anti-frio

Quase todos os criadores apresentaram, pelo menos, uma versão de uma capa. Militares, apresentadas em Chloé e Christophe Lemaire, em gabardina, como sugere Michael Kors, num modelo animal print em Saint Laurent ou como uma simples capa de malha, em Alberta Ferretti. A dupla perfeita é conjugar a capa com botas cuissard justas, mas isso só é possível para quem é muito magro. Em alternativa, as capas combinam-se com todos os modelos de calças. Veja as nossas propostas nesta galeria de imagens.

- Inspiração Art Deco

Um tema virado para a opulência, a querer contrariar a crise na Europa. Uma tendência onde se faz a apologia dos materiais nobres. Os designers foram buscar os tecidos decorativos e estampados, habitualmente reservados para a decoração de interiores das casas mais tradicionais e opulentas. Alberta Ferretti e Erdem combinam os brocados de seda com veludo em calças e casacos. Gucci faz o mesmo em tailleurs de calças em marrocains de estampado floral numa estética muito britânica.

Use este tipo de peças com todo o cuidado, para não ser confundida com um cortinado de um palácio. Use uma peça de brocado conjugada com uma de veludo, que pode ser, por exemplo, um par de sapatos. Para ver algumas das peças desta tendência que pode coordenar com outras mais sóbrias, clique aqui.

Veja na página seguinte: O estilo irreverente e boémio dos anos de 1970

- O estilo irreverente e boémio dos anos de 1970

Ainda não é este ano que deixamos os anos da década de 1970 abandonar o palco. Há mais encores. Assim, ficaram os vestidos de patchwork menos dominantes que na estação passada, as calças flare e os vestidos de laçada. Uma versão boémia e elegante dos vestidos compridos em veludo inspirados nos seventies substitui o look festival de Coachella, mais descontraído.

Guarde, no entanto, o veludo são para usar à noite, em festas. E pode continuar a vestir as calças flaire com blusas de laçada e casacos de carneiro. Repesque também os vestidos compridos da estação passada e use-os com uma camisola de manga comprida por baixo, bem como um casaco de pele sintética em opção ao de carneiro. Veja sugestões de roupas e acessórios de inspiração seventies.

Texto: Margarida Figueiredo