O problema de couro cabeludo sensível está associado, no campo na dermatologia, à síndrome de pele sensível, pelo que, para entendê-lo, é preciso começar por explicar este problema. Também designada reativa ou intolerante, a epiderme sensível caracteriza-se por "exibir eritema [vermelhidão] e/ou sintomas subjetivos de prurido [comichão], sensação de formigueiro, repuxamento, dor ou ainda ardor", esclarece a médica dermatologista Filipa Diamantino.
Essas situações verificam-se "em resposta a estímulos, que, por si só, não são patogénicos e que podem ser físicos [como o sol, o vento, o calor e o frio], químicos [água, cosméticos e poluição], psicológicos [stresse, nervosismo e ansiedade] ou ainda hormonais [ciclo menstrual feminino, no caso da mulher]", descreve a especialista. "É um problema reportado com maior frequência à face, mas também pode ocorrer noutras localizações", adverte, contudo.
As mais comuns são, "por ordem decrescente de frequência, as mãos, o couro cabeludo, os pés, o pescoço e as costas", acrescenta ainda. Os sintomas do couro cabeludo sensível são, consequentemente, semelhantes aos da pele sensível, sendo o prurido o mais constante. Para além disso, segundo Filipa Diamantino, "as pessoas com este problema notam com maior frequência sinais de secura ou oleosidade no couro cabeludo, assim como queda de cabelo, ainda que não seja possível afirmar com certeza se estes são sintomas ou fatores predisponentes de maior sensibilidade do couro cabeludo", ressalva, no entanto.
Por outro lado, alguns doentes, sobretudo com casos mais graves, podem sofrer de uma dermatose associada, de dermite atópica ou de dermite seborreica, por exemplo, o que pode aumentar a intensidade dos sintomas de couro cabeludo sensível e desencadear a sua ocorrência. Apesar de não estar muito mediatizada, esta situação é bastante comum. A causa do desenvolvimento de um couro cabeludo sensível não está, todavia, totalmente esclarecida.
Segundo Filipa Diamantino, "existe uma diminuição do limiar de tolerância cutânea". Uma redução que "não está, contudo, relacionada com nenhum mecanismo alérgico ou imunológico", garante a especialista. O problema do couro cabeludo sensível, à semelhança da pele sensível, é mais comum nas mulheres, numa proporção média de 60% para 40% em comparação com os homens, tornando-se tendencialmente mais frequente com o avançar da idade.
"Para explicar este fenómeno são apontadas duas possíveis explicações ", indica Filipa Diamantino. Uma delas prende-se com "a perda de terminações nervosas na epiderme do couro cabeludo, tornando-o hipersensível devido ao envelhecimento", esclarece a médica dermatologista. A segunda prende-se com "o uso crónico de irritantes que estão presentes em produtos capilares, nomeadamente nos champôs", acrescenta ainda esta profissional de saúde.
De acordo com Filipa Diamantino, "o tratamento passa por evitar eventuais fatores predisponentes e por adotar cuidados de higiene e de cosméticos suaves no cabelo, nomeadamente champôs formulados especificamente para couro cabeludo com este tipo de patologia, com uma base lavante suave, pobres em substâncias potencialmente irritantes ou alergizantes e enriquecidos com agentes com propriedades calmantes e suavizantes", recomenda.
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