Todas as mulheres tentam atingir a perfeição como mães, mas nem sempre é fácil lidar com a pressão do dia a dia.
Para a ajudar a encontrar a melhor atitude, pedimos a alguns dos melhores especialistas em pediatria e pedopsiquiatria do país para lançarem uma palavra que classifique uma boa mãe.
A missão não era fácil mas os médicos Ana Vasconcelos, João M. Videira Amaral, Mário Cordeiro e Paulo Oom aceitaram (e superaram!) o desafio.
Uma boa mãe é... MEIGA (mas não lamechas)
A opinião é de Mário Cordeiro, pediatra e autor de «O Grande Livro do Bebé», «O Livro da Criança» e do mais recente «O Grande Livro do Adolescente». O especialista acredita que esta característica reúne todas as qualidades necessárias para as mães educarem bem as suas crianças. «Uma mãe tem de ser sinónimo de segurança, afecto, amor, mimo, firmeza, limites, ser carinhosa, boa árbitra, refúgio, âncora, modelo, tranquilidade, porto de abrigo para dias de tempestade».
Se pensarmos que na formação dos mais pequenos está depositada a esperança num mundo melhor, o pediatra sugere que todas as mulheres adotem esta postura para atingir bons resultados. «Uma mãe meiga irá gerar crianças igualmente meigas, compreensivas, com boa autoestima e auto-conceito, empreendedoras, capazes de autorreflexão e de não se angustiarem por saberem que não são perfeitas, pelo contrário, estimulando nelas a vontade de se aperfeiçoarem», sublinha.
O médico aconselha
No meio de uma birra por frustração, é importante saber dizer «Adoro-te, és a coisa mais querida do mundo (e fazer uma festa nos cabelos), mas não posso tolerar o que tu fizeste (e dizer por isto e por aquilo), de maneira que agora vais para o teu quarto pensar».
A disciplina e as regras de nada valem, no entender do autor de «O Livro dos
Pais – Respostas Simples a Perguntas Frequentes» e «O Plano da Saúde das Crianças – Guia Médico para Pais e Professores», se não for erguido um mundo de afetos.
«Qualquer criança tem dificuldade em lidar com uma mãe eficiente, mas fria e distante, enquanto que qualquer criança prefere uma mãe atenciosa, mesmo que não seja uma super-mulher», refere.
O médico aconselha
Paulo Oom garante que «as crianças que vivem num ambiente de ternura e de coerência são mais felizes, saudáveis e tornam-se adultos preparados para enfrentar as dificuldades da vida», assegura o especialista.
Uma boa mãe é... DISPONÍVEL (com amor)
Para o médico pediatra João M. Videira Amaral, ser boa mãe passa por uma total entrega afetiva. Uma condição que exige, defende, «espírito de sacrifício».
O também coordenador do livro «Tratado de Clínica Pediátrica» lembra que o desenvolvimento intelectual dos mais novos depende da atitude de quem os rodeia. «A criança é um ser dependente e vulnerável, em crescimento e desenvolvimento, requerendo aprendizagem, estímulo e interação. Se não for estimulada, não se desenvolve», enfatiza.
O médico aconselha
«Fale com outras (boas) mães e pesquise fontes idóneas, por exemplo, T. Berry Brazelton, considerado o pai da pediatria moderna, para conhecer melhor a criança, as suas vulnerabilidades e potencialidades. Tire partido das adversidades como forma de criar resiliência».
Uma boa mãe é... COMPETENTE
A experiência e a formação psicanalítica levam Ana Vasconcelos a ser meticulosa na escolha das palavras para definir uma boa mãe. Como pedopsiquiatra e mãe, a médica considera que a melhor forma de sentir o dever cumprido é «transmitir às crianças um mundo, de forma a que eles possam ser eficientes nele».
Para seguir este modelo de comportamento, Ana Vasconcelos aconselha a «ensinar os filhos a substituir a falta pela ausência».
«Deve explicar-lhes que a mãe está em falta apenas porque está ausente e ajudar a que possam agir de forma autónoma», sublinha a especialista.
O médico aconselha
A maneira mais segura de garantir o bem-estar permanente do seu filho, sugere a pedopsiquiatra, é «ajudá-lo a não ter medo de enfrentar novas situações».
Sabia que...
«Um período de tempo curto no qual você é mesmo (dos seus filhos) significa mais para eles do que uma tade inteira de disponibilidade meio distraída», defende T. Berry Brazelton, pediatra e autor de «Amaternidade e a vida profissional»
Texto: Fátima Lopes Cardoso com Ana Vasconcelos (pedopsiquiatra), João M. Videira Amaral, Mário Cordeiro e Paulo Oom (pediatras)
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