Vem com a idade e todos os pais hão-de sabê-lo: a adolescência traz consigo o sexo, ou pelo menos o interesse por ele. A banalização dos telemóveis entre os mais novos e a epidemia da partilha de imagens originaram uma nova forma de sedução e exibicionismo: o sexting, ou o envio de mensagens sexualmente explícitas ou imagens do autor nu ou seminu.
Os números
Um em cada cinco adolescentes entre os 13 e os 19 anos já praticaram sexting, revela a Campanha Nacional para Prevenir a Gravidez Adolescente e Não Planeada dos EUA, e num outro inquérito norte-americano publicado recentemente no Journal of Pediatrics, 22% dos jovens entre os 12 e os 14 anos admitiram já ter enviado este tipo de mensagens. Ambos os estudos concluem que as raparigas enviam mais fotografias do que os rapazes, provavelmente, ponderam os autores, porque eles pressionam-nas mais para obter as imagens.
Fenómeno cada vez mais comum
O sexting está a tornar-se trivial. Mesmo os adolescentes que não confessam já o ter praticado dizem ter amigos que o fazem (40%, de acordo com uma investigação da Universidade de Plymouth, no Reino Unido) ou já ter sido abordados para o fazer (60%, num estudo da Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade sobre as Crianças, também do Reino Unido). E é cada vez mais clara a relação entre este tipo de comportamento, sobretudo o que envolve fotografias, e a actividade sexual.
Consequências que podem ser dramáticas
Uma dificuldade para o controlo e a prevenção do sexting é o facto de este normalmente não decorrer da pressão de estranhos, de quem as crianças são ensinadas a desconfiar, mas dos pares, em quem confiam e que têm dificuldade em evitar. O sexting pode ainda originar uma forma de cyberbullying com consequências potencialmente dramáticas: são conhecidos casos internacionais de adolescentes que não aguentaram a pressão e cometeram suicídio depois da divulgação massificada de fotos íntimas que enviaram a alguém.
Conversa inevitável
É, por isso, fundamental que os pais se consciencializem de que este é mais um assunto desconfortável para abordar com os filhos. Pense assim: se o seu filho já tem idade para ter telemóvel, então já tem idade para entender essa conversa. Eis alguns aspetos que os pais devem abordar: Tentem não soar demasiado críticos e assegurarem-lhe que serão compreensivos. Façam-no perceber que, uma vez enviada, a foto deixa de estar sob controlo e que, uma vez no ciberespaço, a informação nunca mais se apaga. Expliquem-lhe que, apesar de “agora” confiar na pessoa para quem mandar a foto, a natureza da relação pode mudar no futuro.
A importância de saber dizer “não”
Assegurem-se de que o seu filho tem coragem para dizer “não”, sabe que o corpo dele é privado e que ser pressionado (ou pressionar) para este tipo de atividade é errado. Se a criança for demasiado nova para saber o que é o sexo, expliquem que nenhuma mensagem deve conter imagens de pessoas sem roupa ou a tocar-se de maneira que não seja normal ver-se. É essencial transmitirem tudo isto ao vosso filho assim que este tiver idade para o entender. O ideal é que a conversa aconteça antes e não depois de ele se ter fotografado com pouca ou nenhuma roupa e carregado na tecla «enviar».
Checklist
8 conselhos para os pais
1. Preparem a conversa de acordo com o vosso estilo parental e a idade da criança;
2. Mentalizem-se de que o vosso filho pode não querer falar sobre sexting mas é importante que perceba que os pais estão atentos e abertos ao diálogo;
3. Quando lhe derem o primeiro telemóvel, expliquem-lhe bem as regras e incluam o tema sexting;
4. Estejam conscientes de que o facto de confiarem no vosso filho não é muitas vezes suficiente quando se fala de relação (e pressão) entre pares. Neste caso, recomendam especialistas, o melhor será “confiar mas averiguar”;
5. Ponderem a monitorização da utilização do telemóvel da criança através da instalação de aplicações de controlo parental e, se optarem por este tipo de controlo, expliquem à criança que o vão fazer;
6. Peçam ao vosso filho que faça o seguinte exercício: sentir-se-ia ele confortável se vocês ou os avós, por exemplo, vissem a foto que pondera mandar? Se a resposta for não, provavelmente será mesmo melhor não a enviar;
7. A criança deve deixar o telemóvel junto dos pais quando se for deitar, o que evita muitas horas de privacidade e de oportunidade;
8. Peçam ao pediatra do seu filho que também aborde este tema durante a consulta.
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