O papel da psicologia da saúde enfatiza-se pela compreensão dos fatores psicológicos nas causas, progressão e consequências da saúde e da doença. Assim, promover a saúde significa, a um nível não só individual mas sistémico, criar um sistema de saúde que permita a cada pessoa não apenas a prevenção das doenças, mas a possibilidade de promover e proteger a sua saúde a um nível global.

 

O crescimento durante a adolescência engloba uma ação combinada entre as nítidas modificações físicas, psicológicas e sociais dos indivíduos e os contextos ou domínios nos quais os adolescentes experienciam as exigências que afetam o seu desenvolvimento físico e psicológico. Assim, considera-se que o processo básico do desenvolvimento do adolescente envolve modificar relações entre o indivíduo e os múltiplos níveis do contexto em que o jovem se encontra. Variações na existência e no ritmo dessas relações promovem uma grande diversidade na adolescência e representam fatores de risco ou protetores através deste período de vida. A multiplicidade de contextos sociais e interpessoais em que o adolescente se move representa desafios adicionais e possibilidades acrescidas de estes virem a desenvolver problemas de ajustamento, com consequências negativas na sua saúde.

 

Ao nível do consumo de substâncias na adolescência, salienta-se um modelo desenvolvido em vários estudos que identifica características pessoais, relações parentais e de pares como fatores críticos que predizem o uso de substâncias na adolescência, sugerindo os seguintes fatores de risco:

1) funcionamento psicológico, que inclui características como a baixa auto-estima, impulsividade, isolamento, e problemas emocionais;

2) ambiente familiar, salientando-se as atitudes parentais face ao consumo e baixo nível de coesão familiar;

3) relação com o grupo de pares, destacando-se a criação de relações com pares consumidores, forma de integração/aceitação no grupo e insucesso ou abandono escolar precoce;

4) acontecimentos de vida traumáticos, um elevado número de acontecimentos de vida negativos levam o adolescente a uma maior vulnerabilidade emocional, verificando-se uma diminuição do nível de satisfação com a vida e percepção de bem-estar, aumentando as probabilidades de desajustamento social e o risco.

 

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