A nossa vida mudou e muito. Estamos todos a aprender ou reaprender a viver sem grandes certezas. A nossa casa tem-se tornado um espaço onde tudo acontece!
A vida pessoal acontece com a vida profissional, escolar e académica ao mesmo tempo. Um dos maiores obstáculos que tenho notado é a dificuldade de muitos estudantes em fazê-lo de forma produtiva. Telescola, aulas virtuais, fóruns, videoconferências, grupos de trabalho online e, para tantos, imensas tarefas a cumprir.
As horas online são diferentes das presenciais no que diz respeito à forma como o nosso cérebro processa a informação. Por exemplo, muitos estudantes referem mais cansaço, mas também menos concentração. Foi uma adaptação de rompante que todos tivemos de fazer. Não é fácil estar-se longe dos nossos colegas, familiares e amigos. Não é fácil estarmos longe dos nossos locais de eleição. Não é fácil estudar-se com ambulâncias a passar sem descanso. Não é fácil estudar-se sem se saber ao certo o que acontecerá no ano letivo. Não é fácil encontrar-se paz para se estudar quando o mundo está virado do avesso.
Enquanto as aulas presenciais não começam, aqui ficam algumas sugestões para ajudar os seus filhos a estudar já nesta fase mas, também, para quando tudo voltar ao seu lugar. Bom estudo!
1. Mantenha as rotinas pessoais e académicas e os horários de todos os dias. Com tanta mudança, é preciso estrutura;
2. Estimule o contacto social dos mais pequenos. Podermos estar juntos ao vivo é ótimo, mas também nos podemos sentir bem estando ligados à distância;
3. Evite que o seu filho estude na cama: quando o fazemos transmitimos informações contraditórias ao nosso cérebro, passando ele a associar um local de descanso a trabalho;
4. Evite o multitasking! Está provado que poucos de nós o conseguem realmente fazer e o desgaste que provoca não compensa;
5. Reduza as distrações: treine com os seus filhos o estar no momento presente e com o mínimo de estímulos por perto (principalmente o telemóvel, claro!);
6. Tenha uma agenda atualizada com as tarefas de responsabilidade, mas também com as atividades de lazer;
7. Defina uma lista de tarefas, prazos de execução/entrega e graus de prioridade. Dá trabalho, mas verá que compensa;
8. Faça exercício físico diariamente com os seus filhos e, dessa forma, dará uma energia extra ao corpo e à mente;
9. Experimente meditar diariamente e alimente os momentos de pausa deles (pode até fazê-lo com outras pessoas ao mesmo tempo, experimente);
10. Esteja disponível sempre que os seus filhos estejam com alguma dificuldade ou preocupação que não estão a conseguir gerir. Mostres-lhes que não estão sozinhos;
11. Atenção ao sono e às refeições dos mais pequenos. É muito fácil perder a disciplina numa fase como esta;
12. Evite bebidas estimulantes. Podem deixá-los ansioso, com dificuldade em se concentrarem e, até, impedi-los de dormir;
13. Faça o seguinte exercício com os seus filhos: foquem o ecrã e depois olhem para mais longe de vez em quando para assim descansarem os olhos. E se estes usarem óculos, não os deixe na caixa;
14. Organize e defina um espaço de trabalho adequado e confortável, ao gosto dos mais pequenos;
15. Evite interrupções colocando um aviso de estudo com tempo marcado para que toda a gente em sua casa saiba que estão ocupados;
16. Alterne disciplinas. Por exemplo, inicie o estudo com uma que seja mais acessível, depois passe para uma difícil e termine com uma que lhes dê mais prazer;
17. Defina momentos para trabalho de grupo e para tirar dúvidas. Não deixe que as perguntas se acumulem dentro deles;
18. Evite a procrastinação ou o adiar consecutivo de coisas importantes;
19. Atenção ao perfecionismo: a perfeição não existe;
20. Defina reforços positivos ao longo do dia. Alterne o estudo deles com outros momentos em que retirem satisfação. Este é um dos truques dos profissionais que melhor gerem o desgaste profissional;
21. Faça intervalos após períodos de foco. Por exemplo, conhece a técnica Pomodoro? Ajuda bastante;
22. Defina horas diárias longe dos ecrãs. É difícil, mas vai reparar que ajuda a serenar (principalmente, à noite);
23. A ansiedade é natural: mostre-lhes que está aqui para os ajudar na adaptação. Procure aceitar os momentos em que se sentem mais vulneráveis: isso é que é ser-se forte.
Luís Gonçalves - Psicólogo clínico e psicoterapeuta
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