São trapalhões, desajeitados e companheiros de brincadeiras...

Mas sabia que os cães e os gatos podem também contribuir para saúde dos seus filhos?

Segundo um estudo norte-americano divulgado no Journal of the American Medical Association, as crianças que, durante o primeiro ano de vida, crescem numa casa com dois ou mais cães ou gatos parecem ter menos propensão para desenvolver doenças alérgicas e respiratórias.

Com a ajuda de Rita Afonso, médica veterinária, aprenda todos os cuidados a ter para assegurar um relacionamento saudável entre a família e a sua mascote.

Membro da família

Os animais de estimação, como o cão ou o gato, são a companhia ideal para toda a família, promovendo o bem-estar e diminuindo a sensação de isolamento e solidão. Aos idosos, «um animal dá maior sentido às suas vidas, proporcionando-lhes companhia e um maior dinamismo ao seu dia a dia», refere Rita Afonso, médica veterinária.

«No caso das crianças, torna-as, em geral, menos egocêntricas, mais sociáveis e responsáveis», acrescenta. Na verdade, os animais são tratados, na maioria das vezes, como fazendo parte da família, muito devido a esta troca de emoções e aprendizagens diárias.

Benefícios

«Os animais de estimação proporcionam momentos de grande interação entre os membros da família onde se inserem, promovendo laços muito fortes e uma relação saudável», afirma Rita Afonso, sublinhando ainda «as melhorias ao nível da sociabilização, particularmente, em crianças com alguma dificuldade de relacionamento.

Os animais têm uma relação de amizade e amor completamente desinteressada com os donos, onde não existem frustrações ou deceções». Para além dos benefícios a nível psicológico, os animais de estimação são, muitas vezes, um incentivo à prática do exercício físico. «São incomparáveis companheiros de brincadeira e estão sempre prontos para correr atrás da bola, dar um passeio ou interagir connosco», conclui a médica veterinária.

Lar doce lar

Antes de adotar uma mascote, pondere tudo ao pormenor, pois será um novo elemento da família que necessitará de cuidados específicos, atenção e disponibilidade.

Na opinião de Rita Afonso, «o primeiro passo será consultar um médico veterinário e questioná-lo sobre o tipo de encargos que irá ter ou o tempo que é necessário despender».

Esclarecidas as dúvidas, saiba que «seja cão ou gato, o animal precisará de um local confortável para dormir, recipiente para a comida e água, coleira, trela e brinquedos», recomenda a especialista.

Os primeiros momentos são os mais indicados para começar a estipular as regras.

A dieta

A primeira regra é simples. O animal de estimação não é um ser humano, por isso não deve comer o mesmo que os seus donos. A alimentação ideal para o seu cão/gato deve ser composta por proteínas (carne, peixe e ovo), fibras (legumes verdes), gorduras (vegetais e animais), minerais e vitaminas. Ao escolher a ração, deverá ter em conta o tamanho do animal, a fase fisiológica em que se encontra e o seu estado de saúde.

«A opção mais acertada são as rações secas, pois não sofrem alteração após a abertura e são mais nutritivas e económicas do que os alimentos húmidos», explica a médica veterinária, adiantando que «as rações húmidas devem ser apenas usadas como recurso esporádico».

A higiene

A renovação do pelo do cão sofre dois picos principais na primavera e no outono. Manter um ritual de escovagem, no mínimo semanal, permitirá manter a boa higiene do animal. Quanto ao banho, «este depende do tipo de pelo ou do facto de o cão estar em casa ou no exterior, não havendo por isso uma frequência definida», refere a médica veterinária, acrescentando que deve «utilizar champôs específicos para o tipo de pelo, retirar com água abundante e, no final, secar o cão cuidadosamente».

Não se esqueça de que a higiene só ficará completa se escovar também os dentes com regularidade. No caso dos felinos, a higiene é uma das atividades mais importantes da sua vida. Apenas com 15 dias de vida, este lava-se sozinho com a ajuda da língua e das patas.

A saúde

Para além dos acidentes e das quedas, as doenças gastrointestinais e cutâneas lideram as «queixas» de cães e gatos no veterinário.

«Os problemas gastrointestinais são normalmente identificados por diarreias e vómitos, enquanto os de pele, mais diversos, têm como principais sintomas o prurido, inflamação da pele e queda do pelo em algumas zonas do corpo. Nestes casos, deve dirigir-se, de imediato, ao médico veterinário», explica Rita Afonso.

Qualquer outra alteração anormal nas fezes, urina ou no comportamento alimentar requer também observação médica. Destaque ainda para «os problemas oncológicos, cardíacos, renais e de obesidade que, nos dias de hoje, tendem a avolumar-se devido ao sedentarismo, mas também graças ao aumento da esperança média de vida destes animais», conclui.

Manual de etiqueta

7 regras para um dia a dia seguro com o animal de estimação:

- Defina um espaço para o animal de estimação, onde terá a sua cama e recipientes de comida, afastados do local das refeições familiares.

- Ensine o seu filho a não partilhar comida e a lavar sempre as mãos depois de tocar no cão ou gato.

- Acompanhe a socialização entre o animal e o seu filho, sobretudo se ele for pequeno, e vigie sempre as brincadeiras entre ambos.

- Incentive o seu filho a ajudá-lo a tratar do animal, pois fomenta o respeito e sentido de responsabilidade.

- Mantenha o pelo do animal bem escovado e tratado.

- Proteja a saúde do cão ou gato com uma alimentação adequada, exercício regular, vacinação e check-ups anuais no veterinário.

- Desparasite o animal regularmente no que diz respeito a parasitas internos (lombrigas e ténias) e externos (pulgas e carraças). Informe-se sobre os produtos mais indicados com o seu médico veterinário.

Texto: Raquel Pires com Rita Afonso (médica veterinária)