Na adolescência a relação familiar (pais e filhos) exige uma grande consciencialização da necessidade de espaço e tempo próprio para cada adolescente. Por vezes, torna-se difícil para a família gerir o ritmo do filho mas estar a postos (atento) para apoiar, quando necessário ou solicitado, torna a relação entre todos maior na possibilidade de ter doses equilibradas de controlo, liberdade e atenção. Deste modo, o adolescente pode crescer com mais competências de autonomia, independência e assim, também, as tomadas de decisão e resolução de problemas podem ser mais convictas e seguras.
A autonomia do adolescente implica o contacto com responsabilidades novas, exigências pessoais e sociais e planos/projetos para o futuro. O adolescente sonha como é ser adulto, pensa acerca dos seus anseios, mas nem sempre sabe o caminho. É, muitas vezes, na escola e na família que procura os meios para alcançar esses sonhos. A descoberta de competências sociais e características pessoais é essencial, mas neste rumo também surge a necessidade de questionar os seus comportamentos, as suas funções e os seus papéis e os que são desempenhados pelos outros. É muito importante o entendimento de que esta fase pode comprometer de modo saudável, ou não, o seu presente e o futuro. Os objetivos traçados pelos jovens são centrais para a vivência equilibrada do seu processo de crescimento pessoal e a gestão do futuro é o fruto das aspirações do presente.
Na equação referente àquilo que o adolescente reflete acerca do seu futuro, a família deve ser considerada como uma eterna referência no desenvolvimento do sujeito mas não deve ser a família a providenciar todas as necessidades. A dinâmica familiar proporciona os meios para o adolescente pensar, refletir, ponderar e criar energia para experimentar. Só assim o adolescente se torna o adulto que descobre as suas potencialidades e encontra nos erros benefícios para garantir a continuidade da procura pelo seu rumo.
A família deve conseguir garantir um ambiente de cooperação, responsabilidade, tomadas de decisão conscientes e padrões eficazes de comunicação. Os elos emocionais (com a família e pares) e as competências de resolução de conflitos e problemas são bases fundamentais para uma adequada reflexão do seu projeto de vida.
A família nem sempre está preparada para ajudar o adolescente neste processo, em que as transformações pessoais e as expectativas relativamente ao futuro estão de modo tão intenso presentes nas suas vivências. É essencial que nesta fase de transição e mudança, os adultos estejam presentes para amparar as quedas e contribuam para esta adaptação. O medo e a insegurança que acompanham, muitas vezes, as fases de transformação são uma presença nesta etapa
A família é muito importante para suscitar o interesse no adolescente, de modo a que este possa considerar os obstáculos apenas parte de um caminho equilibrado.
Sandra Helena - Psicoterapeuta infanto-juvenil
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