Quando pensamos na infância, pensamos nos bons tempos e nos dias tranquilos da juventude. Mas, na verdade, a infância e os anos de adolescência podem ser bastante desafiantes para as crianças que têm dificuldades em fazer amigos.

Há uma panóplia de razões pelas quais os miúdos de todas as idades podem sentir dificuldade em envolver-se com os outros. Existem igualmente numerosas razões pelas quais é importante ter amigos. Toda a gente quer fazer parte de um grupo, sobretudo crianças e adolescentes. Quem não quer ser reconhecido e aceite?

É um facto, porém, que alguns miúdos têm dificuldade em fazer amigos, enquanto outros lutam arduamente por mantê-los. E, claro, há aquelas crianças que passam pelos grupos à velocidade do som e mudam de melhor amigo ainda mais rapidamente.

Num artigo publicado no U.S. News, a psicóloga e terapeuta familiar Barbara Greenberg mostra-se surpresa com a rapidez com que alguns rapazes e raparigas que lhe entram no consultório realizam essas mudanças nos seus círculos sociais.

A psicóloga alerta para o facto de nem sempre os jovens revelarem a existência de problemas com amigos. Por vergonha ou por não terem a certeza do que está a acontecer com os seus pares. É importante estar atento.
Se os seus filhos são muito novos, pergunte aos professores como se estão a dar socialmente. Perceba se estão a ser convidados as brincadeiras do recreio e – se já frequentam o ensino secundário – com que frequência são convidados para pernoitar em casa de amigos e participar em eventos de grupo.

Se o seu adolescente passa a maior parte dos fins de semana em casa – e sozinho –, provavelmente isso não acontece por escolha dele. Talvez esteja a ser excluído. E isso magoa até os mais introvertidos (que gostam de ser convidados, ainda que nem sempre queiram participar).

Há várias razões que contribuem para a dificuldade de algumas crianças em fazer amigos, mas podemos identificar duas categorias gerais:

  • Algumas crianças são simplesmente tímidas e ansiosas. Isso pode fazer com que não se sintam confortáveis num envolvimento mais próximo com outros miúdos. Devido ao seu temperamento e à falta à vontade, é possível que optem por ficar para trás e evitem arranjar companhia.
  • Outros miúdos têm dificuldades sociais. A fragilidade das suas competências interpessoais afasta-os dos colegas e torna difícil o desenvolvimento de amizades. Tal acontece, por exemplo, por não conseguirem ler os sinais sociais de forma adequada, por serem controladores ou agressivos, ou por falarem apenas sobre si próprios e mostrarem pouco interesse pelos outros. É ainda possível que sejam possessivos, carentes ou até um pouco “mauzinhos” ou sarcásticos. Ninguém, seja qual for a idade, considera essas características atraentes.

Se pensa que os seus filhos estão ansiosos ou são muito tímidos, pode ajudá-los de várias maneiras. Com as crianças mais jovens, tente organizar brincadeiras e procure levá-los a participar em atividades de grupo, de modo a que a sua exposição ao outro seja leve e gradual.  A prática ajuda muito a obter conforto social.

Caso a sua criança apresente problemas de competências sociais, observe-a em interação com os outros para perceber de que forma pode estar a afastá-los.

Acha difícil interagir com o seu filho? Se assim for, considere que ele pode estar a agir da mesma forma com os seus pares. Discuta estas questões com ele, mas faça-o delicadamente, com bastante cautela, sem o envergonhar ou irritar. E também sem forçar, proporcione-lhe oportunidades para praticar e aprimorar as suas competências sociais. Matricule-o em atividades do seu agrado. Esta é uma oportunidade para ele praticar a convivência social e envolver-se em programas de que gosta.

Tenha sempre presente que você é um modelo importante para o seu filho. Por si, pergunte-se a si próprio se está a ter comportamentos que promovam a manutenção de amizades.

Acima de tudo, seja paciente. Todos aprendemos a aperfeiçoar as relações sociais ao longo da vida. É um processo contínuo.