As crianças não são bonecos que se possam telecomandar para as obrigar a fazer o que nós queremos. Mas, com a orientação certa, podemos levá-las a alterar o seu comportamento para melhor. Nuno Pinto Martins, educador de famílias com certificação internacional em disciplina positiva, fundador da Academia Educar pela Positiva e também cocriador do site de parentalidade Chupeta VIP, explica como deve agir em cinco situações muito comuns.
1. O que fazer quando a criança não quer comer a sopa
"A criança pode não gostar dos alimentos em causa ou pode comportar-se desta forma porque procura uma atenção excessiva dos pais", começa por justificar Nuno Pinto Martins. "Teste vários alimentos até encontrar os que a criança mais gosta, com o cuidado de fazer opções saudáveis e variadas", sugere o especialista.
"Associe o momento da refeição a um momento feliz em família, por exemplo, contando histórias divertidas à mesa", recomenda ainda o também coautor do site de parentalidade Chupeta VIP. "Obrigar a criança a comer torna o momento da refeição penoso. Premiar só vai criar dependência", sublinha ainda.
2. O que fazer quando a criança insulta os pais
"Uma criança que tenha este tipo de comportamento poderá achar que não é importante e, por essa razão, fere os outros, pois também ela se sente ferida e acha que não pode ser aceite ou amada", explica. "Converse com a criança sobre o que estão ambos a sentir e a pensar. Tente mostrar-lhe que reconhece que ela se sente magoada", recomenda.
"O mais importante é fomentar a confiança, mostrando carinho e compreensão", considera o especialista, que ao abrigo da disciplina positiva não defende o recurso a penalizações. "Castigar ou aplicar represálias só intensificará a luta de poderes", afirma o educador Nuno Pinto Martins.
3. O que fazer quando a criança se atira para o chão no supermercado
"A criança pode estar cansada ou poderá querer chamar a atenção", realça Nuno Pinto Martins. "Se a criança ainda for pequena, até aos três anos, o primeiro passo é retirá-la do local e depois distraí-la, mudando-lhe o foco para outra coisa", aconselha o educador português.
"A partir dos três anos, já é preciso empatizar com a criança, mostrando que se compreende o seu sentimento e tentando resolver a situação em conjunto com ela", refere ainda o especialista. "Evite gritar, ameaçar com castigos, bater ou prometer algo em troca do bom comportamento", aconselha também.
4. O que fazer quando a criança não aceita a derrota
"Por vezes, as crianças sentem que não estão à altura dos desafios e a forma de o demonstrarem é portando-se mal, o que significa, normalmente, um pedido de ajuda", alerta Nuno Pinto Martins, que deixa um conselho. "Anime a criança, mostrando-lhe que acredita nela e que ela é capaz", refere.
"Ensine a superar obstáculos e a lidar com a frustração, dizendo que se trata de algo normal, admitindo que os próprios pais, por vezes, também o sentem", afirma também o educador. "Ter pena, criticar ou desvalorizar a situação. Para a criança, é importante que valorizem o que pensa e sente", refere o especialista.
5. O que fazer quando a criança mente
"Há crianças que mentem pontualmente, outras que mentem por medo de represálias ou vergonha e há aquelas que o fazem por sistema", refere Nuno Pinto Martins. Para contrariar esta situação, "tente identificar a razão que está por detrás do comportamento, para depois atuar de forma positiva e efetiva. Mostre compreensão e, ao mesmo tempo, seja firme", sugere.
"Tente fazer com que a criança entenda que agiu de forma errada, levando-a a propor uma solução respeitosa para todos, para que a situação não se repita", diz ainda o educador, contra "reprimir, censurar, castigar ou bater". "São práticas que têm consequências negativas a longo prazo, causando designadamente rebeldia, submissão e baixa autoestima, e isso pode colocar em risco o vínculo emocional entre pais e filhos", diz.
Texto: Sofia Santos Cardoso
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