"Os estudantes da Universidade dos Açores (UAç) são confrontados em dezembro com um aumento do valor das propinas que, aliado ao novo faseamento de pagamento, constitui uma diferença de 84,88 euros, face ao ano anterior, o que significa um esforço adicional das famílias e dos alunos em mais 17,3%", disse Filipe Alves, presidente da Associação de Estudantes do campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.
O aluno falava em representação da Associação Académica da Universidade dos Açores, após uma reunião com o Representante da República para a Região, Pedro Catarino, em Angra do Heroísmo.
Em causa está, não só o aumento do valor das propinas, de 935 para 975 euros, mas, sobretudo, a alteração do faseamento do pagamento, já que no ano passado os alunos podiam pagar as propinas em dez prestações e, este ano, a reitoria decidiu cobrar o montante em apenas quatro vezes.
Segundo Filipe Alves, até ao final do ano civil, os alunos são obrigados a pagar 51% da propina, tendo em conta que a primeira prestação tinha como prazo limite de pagamento o dia 30 de setembro e a segunda deve ser paga até 31 de dezembro.
"Temos casos de muitos alunos que ainda não conseguiram pagar a primeira prestação. Não temos acesso a esses dados, mas acredito que a maior parte dos alunos não tem conseguido até agora pagar", salientou, alegando que o não cumprimento dos prazos acarreta o pagamento de multas.
Para contestar estas alterações, os alunos criaram um grupo de trabalho, a 01 de outubro, que redigiu um documento reivindicando o regresso à anterior modalidade de pagamento das propinas, que foi entregue ao presidente do Conselho Geral da universidade e agora ao Representante da República, que o fará chegar ao Ministério da Educação.
Na última reunião do Conselho Geral da universidade, na quinta-feira, o reitor reafirmou, no entanto, que vai manter a nova modalidade de pagamento, alegando a necessidade de "aumentar a eficácia da universidade e dos seus serviços na cobrança das propinas".
Ainda assim, o presidente da Associação de Estudantes do campus de Angra do Heroísmo da UAç realçou que o reitor "mostrou abertura" para falar com os alunos.
"A seu tempo iremos ver como é que as coisas se irão desenrolar. Esperamos nós que o reitor tenha bom senso e que as coisas se resolvam, para bem da instituição e dos alunos", frisou.
Na reunião com o Representante da República para a Região Autónoma dos Açores, os alunos acusaram também o Governo da República de ter vindo a "desobrigar-se de muitas das suas tarefas e funções" nos últimos tempos.
"Recorde-se que, nomeadamente, a ação social escolar no ensino superior sofreu um corte, em 2014, de 7,6%, representando um valor de 80,5 milhões de euros, e todo o setor de ensino superior, uma redução de 4,1%", salientou Filipe Alves.
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