“Esta é a preocupação dos trabalhadores que estão nas escolas. Digo isto enquanto dirigente sindical que os oiço todos os dias. Tem de haver uma solução geral nas escolas do país”, frisou a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul (STFPSS), Paula Bravo.

A sindicalista falava à Lusa depois de terminar a greve e concentração dos funcionários em frente à Escola Básica Integrada de Vale Rosal, em Almada, no distrito de Setúbal, onde cerca de uma centena de trabalhadores mostraram o “desespero e cansaço” que têm sentido.

“Devido à sobrecarga de trabalho, os trabalhadores estão cansados e falam connosco dizendo que estão no início do ano letivo, mas que se sentem como se já estivessem no final do ano letivo”, relatou.

A ação de luta iniciou-se pelas 08:00, com a presença de trabalhadores das cinco escolas do agrupamento, mas uma adesão mais expressiva dos funcionários de Vale Rosal, onde existe uma “maior carência”.

“Quando desejamos uma escola pública de qualidade, tem que ser com trabalhadores não docentes e docentes. Os trabalhadores têm que estar motivados e ser em número suficiente, mas isso não está a acontecer e quem paga são os alunos, que é para quem a escola existe”, defendeu.

Neste sentido, a sindicalista lembrou que a falta de funcionários faz com que os alunos sejam privados de certos serviços nas escolas, como a reprografia ou a biblioteca, além de não ser possível assegurar uma “total vigilância” nas escolas.

“Será que o senhor ministro da Educação [Tiago Brandão Rodrigues] está à espera que aconteça algo de mais grave nas escolas, com as crianças e jovens deste país, para que depois venha resolver o problema?, questionou.

Este agrupamento de escolas de Almada é constituído pela secundária Daniel Sampaio, a básica Vale Rosal e as três primárias Vale Figueira n.º 2, Marco Cabaço e Presidente Maria Emília.

Nas últimas semanas, têm sido vários os protestos contra a falta de pessoal não docente em escolas de todo o país.

Também esta quarta-feira, cerca de 200 pessoas manifestaram-se contra a falta de trabalhadores no Agrupamento de Escolas João de Barros, no Seixal, no distrito de Setúbal, levando ao encerramento de cinco instituições de ensino, no período da manhã.

Já em 29 de outubro, o mesmo aconteceu no Agrupamento de Escolas da Costa de Caparica, em Almada, quando os trabalhadores realizaram uma greve em reivindicação do reforço de pessoal.