Nos dias que correm, a internet parece ter a resposta para todos os nossos problemas. Inclusive, no que diz respeito à saúde das crianças.

No entanto, especialistas alertam que os pais não devem usar os motores de busca para diagnosticar os seus filhos quando estes ficam doentes, pois demonstrou-se que essa atitude pode reduzir a confiança nos profissionais.

Um estudo da Academia Americana de Pediatria revela que a informação fornecida online não só influencia os pais em relação ao diagnóstico dado posteriormente pelo médico, como pode levar a atrasos no tratamento.

Segundo a autora principal do estudo, Ruth Milanaik, "A internet é uma ferramenta de informação poderosa, mas é limitada quanto à sua incapacidade de raciocinar e pensar". E acrescenta: "Inserir uma série de sintomas num motor de busca pode não refletir a situação médica real. Estes diagnósticos gerados pelo computador podem induzir em erro, tanto os pacientes como os pais, e levá-los a questionar as capacidades médicas dos profissionais recorrendo a uma segunda opinião, o que pode atrasar o tratamento que aquele paciente necessita".

Para o estudo, os investigadores recrutaram 1.374 pais (com uma média de idades de 34 anos e com pelo menos um filho menor de 18 anos), a quem foi apresentado o seguinte cenário: uma criança com uma erupção cutânea e febre, que piorou nos últimos três dias.

A um primeiro grupo de pais foi-lhes revelado um diagnóstico feito online que indicava que aquela criança tinha sintomas de escarlatina e uma doença infecciosa, que se não fosse tratada a tempo podia levar a febre reumática e, no pior dos casos, a danos cardíacos.

Ao segundo grupo também lhes foi apresentado um quadro de diagnóstico retirado da internet, mas onde eram revelados alguns sintomas da doença de Kawasaki (ocorre normalmente em crianças entre 1 e 8 anos de idade), uma condição que dilata os vasos sanguíneos e que também provoca febre e erupção cutânea, e cujo tratamento deve ser imediato, pois pode causar aneurismas.

Ao terceiro grupo, o chamado grupo de controlo. não foi mostrado nenhum diagnóstico online.

No final, todos os pais receberam o diagnóstico do médico que revelou que aquela criança tinha febre na sequência de uma escarlatina. O grupo ao qual não tinha sido apresentado qualquer diagnóstico feito online, 81% confiou na decisão do médico. Por outro lado, os pais a quem tinha sido revelado o diagnóstico da doença de Kawasaki, 61.3% confiaram no diagnóstico do médico e 64% disseram que iam procurar uma segunda opinião.

Para os responsáveis do estudo, quando há dúvidas, os pais são livres de procurar uma segunda opinião, mas devem também discutir com o médico o diagnóstico que retiraram da internet.