Nas suas instalações situadas entre aqueles dois hospitais no Porto, a casa construída pela fundação com o mesmo nome "apoiou mais de 500 famílias oriundas dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Viseu, Aveiro e Vila Real", mas também de "países africanos de língua oficial portuguesa", disse hoje à Lusa a gestora Isabel Aragão

Sendo o seu trabalho "apoiar gratuitamente as famílias das crianças com doenças oncológicas", referenciadas pelas duas instituições hospitalares, a "duração média das estadias é de 37 dias", numa convivência que em cinco anos gerou muitas histórias e "laços para a vida", frisou a gestora.

Esses gestos, relatou a responsável, acontecem a todos os níveis, citando o exemplo de um estudante de bioengenharia português "que entre os oito e os 10 anos, esteve numa casa Ronald McDonald, em Baltimore, nos Estados Unidos, e que achou que devia retribuir toda a ajuda que teve", tornando-se "voluntário na casa do Porto e apoiando outras famílias".

De África surgem histórias de superação, como a que a casa apoia atualmente: "Neste momento temos cá trigémeas angolanas que, tendo nascido em Portugal por ter sido uma gravidez de risco" e voltado ao seu país decorridos os primeiros seis meses de vida, "tiveram de voltar para cá, com os pais, para mais dois meses de exames".

Isabel Aragão contou que, para uma outra família de Moçambique, a casa foi o local onde "dois irmãos se conheceram, pois a mãe estava grávida do segundo filho quando o mais velho fez tratamentos no Porto devido a doença oncológica e aqui permaneceu", acabando por conhecerem-se meses mais tarde, "quando mãe e irmão puderam juntar-se ao mais velho".

Também tratada como a "casa longe de casa", outra família de Alfândega da Fé, que esteve naquele espaço a acompanhar o filho, materializou essa designação ao "mudar-se mais tarde para o Porto" e passar a fazer visitas semanas ao local para fazer uma refeição com quem está na casa", contou a gestora, para quem o "maior tributo é o agradecimento de quem passa pela casa".

"Isto funciona mais do que uma casa, funciona como uma família, criando laços para a vida", frisou Isabel Aragão.

Com cozinha, lavandaria e espaços de usufruto comuns, a casa promove paralelamente "iniciativas desenvolvidas por voluntários em benefício do bem-estar das famílias", apelando Isabel Aragão à presença de "mais empresas com capacidade financeira neste projeto, num apoio que não tem de ser em dinheiro, mas em bens materiais e serviços".

Citando um estudo de Avaliação do Impacto Social das casas, a gestora defendeu que "cada euro doado às duas casas [existentes em Portugal] gera um valor social de 5,08 euros para os diferentes parceiros (crianças, famílias, voluntários, mecenas, parceiros hospitalares e equipa da Fundação Infantil Ronald McDonald).

As Casas Ronald McDonald do Porto e de Lisboa, bem como o Espaço Familiar Ronald McDonald no Hospital Santa Maria, são atualmente os principais projetos da fundação em Portugal.

Para assinalar o seu 5.º aniversário, a Casa do Porto promove no dia 20, na Fundação Engenheiro António de Almeida, a iniciativa “Conversas de Mão Cheia – Quando eu tinha cinco anos”.