Registaram-se em Portugal, entre 2011 e 2013, 279 casos de maus tratos a crianças com menos seis anos. Em 45% dos episódios relatados, os agressores são os progenitores.  Seis casos resultaram em morte.

Dados divulgados no estudo "Maus tratos infantis e morte em Portugal: estudo retrospetivo de três anos", da autoria do médico João Pinheiro, mostram que entre 2011 e 2013 o número de casos quase duplicou, sendo que a amostra não é representativa uma vez que só diz respeito às crianças que surgem no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forense (INMLCF) para realizar exames.

Em 2011, foram feitos 59 perícias a crianças sujeitas a maus tratos, um número que aumentou para 83 em 2012 e para 137 no ano passado – o que representa um crescimento de 130% no período em análise.

Destes 279 casos, registaram-se seis vítimas mortais na sequência de asfixia, intoxicação e lesões traumáticas.

Em relação a idades, 18,6% das crianças sujeitas a maus tratos tinham menos de um ano, 22,9% tinha entre um e dois anos; e 21,9% tinha entre três e quatro.

De bofetadas a queimaduras com cigarros

Os progenitores masculinos são os que mais agridem os filhos, sendo que o fazem, na maioria dos casos, com recurso a bofetadas (27,3%), objetos variados (20,8%), empurrões (20%), abanões, cotoveladas, e puxões (15,8%).

Existem casos, ainda, de queimaduras com cigarro, o que o médico considera tratar-se já de tortura.

Sobre as 279 situações registadas nos três anos, o médico legista salienta que em 11 casos não foi possível documentar as lesões, pelo que fica por esclarecer se foi falso alarme.