Um cada vez maior número de investigações documenta o significado do que é ser irmão e os relacionamentos entre irmãos para o desenvolvimento, a saúde mental e os riscos comportamentais ao longo da infância e adolescência. No entanto, têm sido envidados esforços para promover os aspetos positivos e reduzir os aspetos negativos do relacionamento entre irmãos.

 

Com base num modelo teórico de influências entre irmãos, investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América realizaram um estudo aleatório com 174 famílias com dois filhos (relações: irmã–irmã; irmã mais velha–irmão; irmão mais velho–irmã; irmã –irmão).

 

As crianças estavam integradas num programa pós-escolar para alunos do 5º ano que tivessem um irmão mais novo no 2º, no 3º ou no 4º ano que implicou 12 sessões semanais depois do horário escolar e três noites em casa das famílias.

 

Os autores do estudo testaram a eficácia do programa com um conjunto de duas visitas domiciliares a cada uma das famílias. Foram recolhidos dados por meio de questionários aos pais, entrevistas com as crianças e observação de filmagens de interações; na escola, foi recolhida informação elaborada pelos professores sobre o comportamento escolar das crianças inseridas no estudo.

 

O programa reforçou as relações positivas entre irmãos, estratégias apropriadas para a parentalidade de irmãos e autocontrolo dos filhos, competência social e desempenho académico.

 

A exposição ao programa também foi associada a uma redução da depressão materna e problemas de interiorização de problemas da criança. Também foi encontrado um ligeiro efeito positivo nos conflitos entre irmãos, no conluio ou na externalização dos problemas da criança.

 

Os resultados foram consistentes em toda a amostra, não havendo distinção entre o género do irmão, a idade, a demografia familiar ou situações de risco de base.

 

A amplitude do impacto do programa pós-escolar é consistente com a investigação previamente existente que sugere que os irmãos são uma influência importante no desenvolvimento e no ajustamento escolar e social e apoia o argumento de que um foco no irmão deve ser incorporado nos programas de prevenção de comportamentos de risco orientados para os jovens e famílias.

 

A equipa de investigação pretende continuar a acompanhar a evolução dos dados para determinar se os impactos de curto prazo levam à redução de comportamentos negativos ao longo do tempo.

 

 

Maria João Pratt