O plano de ação a 10 anos, com um custo estimado em seis mil milhões de dólares, tem como objetivo evitar a morte de dois milhões de crianças com menos de cinco anos, vítimas de diarreia e pneumonia fatais, foi apresentado hoje numa conferência de imprensa coletiva da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

«Acreditamos que as metas estabelecidas dentro deste plano são viáveis e realisticamente atingíveis durante a próxima década», declarou Elizabeth Mason, diretora de saúde materna, neonatal, infantil e adolescente da OMS. «Temos como alvo o ano 2025 para acabar com estas mortes infantis, que são perfeitamente evitáveis», continuou a especialista.

 

«As crianças morrem porque os serviços de saúde são fornecidos aos poucos, alguns apenas esporadicamente, e as que estão em maior risco não estão a ser detetadas a tempo», foi afirmado na conferência de imprensa.

 

O objetivo é reduzir a mortalidade combinada de diarreia grave e pneumonia para menos de quatro mortes por cada mil nados-vivos em 2025, contra as 20 por mil que se verificam atualmente. «A esperança é eliminar totalmente tais mortes em 2035», desejou Elizabeth Mason. 

 

 

Maria João Pratt

 

Plano ambicioso

O plano da ONU é ambicioso, já que pretende que 90 por cento das crianças com menos de cinco anos passem a ter acesso a antibióticos para a pneumonia e a sais de reidratação para a diarreia, triplicando as taxas atuais de acesso.

 

O organismo internacional procura uma «abordagem integrada», começando por definir padrões de proteção das crianças contra as infeções. Tais padrões incluem a amamentação, nutrição adequada, água potável, saneamento básico e redução da poluição caseira pela mudança de hábitos de confeção de alimentos, eliminando o carvão.

 

A ONU e a OMS também apelam a um aumento da vacinação contra a bactéria Pneumoccocus, que provoca cerca de 20 por cento dos casos de pneumonia grave, e contra o Rotavirus, que é responsável por 28 por cento dos casos de diarreia grave.

 

«A pneumonia e a diarreia estão associadas à pobreza», afirmou Marilena Viviani, da UNICEF, lembrando que as comunidades pobres geralmente têm acesso limitado a água potável e a saneamento básico.

 

«Sabemos que as crianças pobres, nomeadamente no sul da Ásia e da África sub-saariana, são aquelas com maior risco de morrer de pneumonia e diarreia e também menos prováveis de serem vacinadas», disse. «A imunização é uma das estratégias bem conhecidas e mais eficazes para ajudarmos estas crianças», concluiu Marilena Viviani.

 

Cerca de 2 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos devido a estas duas doenças, das 6,9 milhões de crianças que morrem anualmente, em todo o mundo, segundo dados da OMS e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).