Como mãe, ou pai, é provável que esteja cansada(o) de repetir algumas frases que, misteriosamente, parecem inaudíveis aos seus filhos. Mas… e se o problema não for a mensagem e, sim, a maneira como a transmite? Essa é uma questão central no novo livro de Wendy Mogel, uma das psicólogas mais conceituadas dos Estados Unidos.
A autora de Voice Lessons for Parents: What to Say, How to Say it and When to Listen decidiu combinar a ciência com a sua longa experiência profissional com famílias para encontrar as palavras, o tom e as técnicas mais eficazes para uma boa comunicação entre pais e filhos.
Wendy explica que a maioria dos pais são excelentes comunicadores, exceto quando estão a falar com os filhos. “No minuto em que começam a falar com eles, as suas vozes e postura mudam drasticamente. Eu própria fugiria se alguém falasse assim comigo”, ironiza a psicóloga, que respondeu a algumas questões de Susan Borison, jornalista do site Your.Teen.com
Fala dos adolescentes como seres capazes de dar cabo da paciência dos adultos, mas também de os tornar mais atentos e conscientes. Como podem os pais trabalhar o lado da sabedoria?
Têm de fingir que aquele adolescente não é o filho deles. Se conseguir desenvolver um relacionamento relativamente cordial com o seu adolescente, poderá ver como o mundo parece aos olhos dele. Perceba o que o deixa zangado ou empolgado e demonstre compaixão. Pense nos adolescentes como guias espirituais.
De que forma mudou o comportamento dos pais nas últimas décadas?
Antes, as crianças saíam de manhã para a escola e só voltavam à noite. Agora, vivem numa prisão de alta segurança, observadas durante o tempo todo. Por causa da tecnologia, andam com a pulseira eletrónica de um criminoso no tornozelo. Há pouca privacidade e liberdade.
Que conselhos daria aos pais híper-controladores?
Pais bons e eficazes, que conseguem educar as crianças para a resiliência e a autoconfiança, são hoje encarados como negligentes. Mas é assim que deve ser. Não podemos adorá-las e valorizá-las o tempo todo. Temos de fazê-los entender que são seres independentes e que têm de trabalhar as suas habilidades. As crianças são rápidas, flexíveis e originais. Eis o meu conselho para os pais: observem antes de tentarem controlar.
Porque é que os pais parecem tão preocupados com as notas dos filhos?
Porque estão desanimados em relação ao futuro. Vêm o mau resultado de um simples teste como uma quase condenação da criança. Vivemos um sentimento coletivo de ansiedade perante a instabilidade da economia, a evolução assustadora da tecnologia e a própria mortalidade. Há tantas coisas sobre as quais não temos controlo, mas os pais parecem atribuir à escola a única razão de um eventual fracasso dos filhos.
Qual o seu principal conselho para pais de adolescentes?
Quando as coisas começarem a complicar-se, parem e ouçam o tom da vossa voz. Digam aos vossos filhos que precisam de parar para pensar, ao invés de tentarem acabar depressa com a conversa. Já mais calmos, voltem ao assunto. Mas não esperem que o confronto termine nessa questão. Estamos a falar de opinião, mas também de integridade moral, algo que devem querer que os jovens cultivem.
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