“Por muito que tenhamos que preparar o ensino à distância, temos necessariamente que ter como prioridade o ensino presencial, porque podemos começar a ter uma mensagem que corresponde a uma sobrevalorização do ensino à distância até para os tempos pós-pandemia”, declarou numa conferência de imprensa após um encontro informal por videoconferência dos ministros da Educação da União Europeia.
“Todos os sacrifícios que estamos a fazer nos sistemas de formação e educação têm como objetivo ajudar globalmente a mitigar a propagação da pandemia, mas a primeira resposta tem que ser, logo que possível, voltar às escolas”, defendeu Tiago Brandão Rodrigues.
Questionado sobre a suspensão de toda a atividade letiva durante 15 dias em Portugal, anunciada na quinta-feira pelo governo, sem optar por um regime de aulas à distância, Brandão Rodrigues reiterou que nesta altura do ano letivo, vai poder-se “compensar com tempo presencial” em períodos de férias.
“Obviamente, caso a situação se estenda, teremos que encontrar outras soluções e foi isso que disseram também os ministros europeus, alguns dos quais tomaram decisões semelhantes”, referiu.
Questionado sobre colégios privados que continuam a dar aulas à distância ou a receber alunos para exame, Brandão Rodrigues afirmou que “as regras são claras e é importante que todos os alunos, se assim for possível, possam compensar o tempo de interrupção”.
“Queremos que os alunos da escolaridade obrigatória, independentemente do subsistema de ensino, possam ter o direito de ter aulas presenciais, as que são possíveis de acomodar, e nesta altura do ano ainda temos essa possibilidade”, afirmou.
O ministro salientou que “os mais vulneráveis vão ser os mais afetados numa situação em que existe distanciamento físico da escola”.
“O ensino à distância não substitui completamente o presencial e não falo unicamente nas qualificações ou nas competências. Falo nas questões de sociabilização, de saúde mental, de atividade física”, declarou.
O ministro afirmou partilhar com os seus homólogos europeus a ideia de que a transição para o digital tem que acontecer também na Educação, mas ressalvou que “verdadeiramente não há compensação completa” do ensino à distância para o presencial.
Quanto à capacidade que Portugal e os outros países tiveram de preparar uma infraestrutura de ensino à distância, o ministro afirmou que os seus homólogos apontaram “as dificuldades de se poderem apetrechar, de formar os professores quando estão à distância e poder chegar às crianças mais vulneráveis”.
“É muito difícil um professor do primeiro ano, do primeiro ciclo, independentemente da máquina que esteja do outro lado, chegar com qualidade e ter uma aprendizagem significativa com um aluno que não sabe ler nem escrever nesta altura do ano, apesar de saber mexer no digital, mas muito na visão do utilizador lúdico”, apontou.
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